Impacto da guerra em Israel no agronegócio dependerá dos rumos e da escalada do conflito

Impacto da guerra em Israel no agronegócio dependerá dos rumos e da escalada do conflito

Exportações para Israel, principalmente de carnes e soja, representam 0,2% dos embarques brasileiros

Itamar Pelizzaro

Exportações para Israel, principalmente de carnes e soja, representam 0,2% dos embarques brasileiros

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Os impactos do conflito entre Israel e Hamas na agropecuária brasileira ainda não são mensuráveis, mas levantam preocupação em relação ao tempo de duração da guerra e envolvimento de outros países do Oriente Médio. Este ano, de janeiro a setembro Israel adquiriu o equivalente a 0,2% das exportações brasileiras, sendo que 60% dos embarques foram de produtos agropecuários, com destaque para carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (21%), soja (19%), farelos e outros alimentos para animais (8,4%) e milho (6,6%), entre outros. Na mão inversa, o Brasil importou, em sua maioria, adubos e fertilizantes químicos respondem pela maior fatia (44%), com 471 milhões de dólares. No período, o saldo da balança comercial é negativo em 497,4 milhões de dólares. 

Para o economista e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Nilson Costa, a guerra gera preocupações principalmente pela possibilidade de sua ampliação na região do Oriente Médio, grande produtor de petróleo. “A depender da escalada do conflito, isso pode resultar em impactos nesse mercado, com aumentos de custos de produção, principalmente relacionados aos derivados de petróleo. Obviamente que isso pode reverter em tendências inflacionárias no mundo todo”, analisou. Também pode haver comprometimento no ritmo de redução da taxa Selic.

Na importação de fertilizantes para o agro, outro efeito poderia ser o comprometimento de rotas de comércio. “Neste momento, ainda não temos elementos para fazer uma afirmação cabal nessa linha”, pondera Costa. “Precisamos ver o que vai acontecer daqui para a frente antes de fazer qualquer afirmação.”

Visão geral dos produtos importados pelo Brasil de Israel:

A plataforma Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), mostra as relações que, de janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou o equivalente a 570,4 milhões de dólares, cifra -61,1% inferior ao mesmo período do ano passado, e importou 1,0 bilhão de dólares, queda de -37,7% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Em 2023, cerca de 60% da pauta exportadora brasileira para Israel foi de produtos agropecuários, com destaque para carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (21%), soja (19%), farelos e outros alimentos para animais (8,4%) e milho (6,6%), entre outros. A maior fatia (24%) é de óleos brutos de petróleo ou minerais betuminosos, crus. Já na importação, adubos e fertilizantes químicos respondem pela maior fatia (44%), com 471 milhões de dólares até setembro, seguido por inseticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas, reguladores de crescimento para plantas, desinfetantes e semelhantes (12%). 

Já as exportações para a Palestina equivalem a 0,009% das vendas brasileiras. De janeiro a setembro, os negócios alcançaram R$ 23,7 milhões de dólares, queda de 4,4% em relação ao período anterior. Já as importações foram de 100 mil dólares. A carne bovina fresca, refrigerada ou congelada responde por 89% dos embarques brasileiros (21 milhões de dólares). Nas compras, 99% são de frutas, preservados e preparações (exceto sucos de frutas).


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895