Importação de soja pelo Brasil deve aumentar em 2022, em especial no Rio Grande do Sul

Importação de soja pelo Brasil deve aumentar em 2022, em especial no Rio Grande do Sul

Compras da oleaginosa no Exterior tendem a aumentar no último trimestre, como consequência da estiagem e da queda de oferta

Patrícia Feiten

Safra gaúcha de soja reduzida pela metade é motivação para Rio Grande do Sul importar, diz dirigente da Farsul

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Maior produtor e exportador de soja do mundo, o Brasil poderá registrar neste ano um recorde nas importações da oleaginosa. A previsão é do analista Luiz Fernando Gutierrez, da consultoria Safras & Mercado, e é explicada pelos impactos da estiagem, que comprometeu metade da safra de verão no Rio Grande do Sul e também afetou outros estados. Para o analista, as compras externas devem se acentuar no último trimestre do ano, quando tradicionalmente a oferta do produto diminui. 

De janeiro a março, o Brasil importou 157,4 mil toneladas de soja, ante 211,8 mil toneladas do primeiro trimestre de 2021, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Já as exportações passaram de 15,3 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2021 para 20,9 milhões de toneladas de janeiro a março deste ano. Segundo Gutierrez, os números atuais ainda não refletem um salto das importações devido à base de comparação atípica – o Brasil iniciou 2021 com baixos estoques de soja e houve um atraso na colheita do grão, o que levou a uma maior necessidade de importação no primeiro trimestre daquele ano. “A tendência é importarmos mais ao longo de todo este ano, porque a quebra (de safra) foi muito grande”, avalia Gutierrez. “Vamos chegar aos últimos meses de 2022 com pouquíssima soja disponível.”

De acordo com o 7º Levantamento da Safra de Grãos 2021/22, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 7 de abril, a produção de soja no país será de 122,4 milhões de toneladas, uma redução de 11,4% em relação ao ciclo anterior. Para o Rio Grande do Sul, a Emater/Ascar-RS projeta queda de 53,3% na safra 2021/22, com volume estimado em 9,5 milhões de toneladas. 

O presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja/RS), Décio Teixeira, diz que a colheita frustrada, tanto em volume quanto no padrão dos grãos, vem levando as companhias exportadoras (tradings) a buscar soja em outras regiões, como Mato Grosso do Sul, Argentina e Paraguai, para honrar os contratos de exportação assumidos. “Muitas não estão conseguindo completar os navios para embarques de soja com qualidade para exportação”, explica.

O coordenador adjunto da Comissão de Milho, Soja e Feijão da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Elmar Konrad, lembra que o Estado foi o mais afetado pelo déficit hídrico no último verão. Em termos nacionais, o tombo da produção só não foi maior porque outros estados apresentam índices de quebra menores na comparação com os gaúchos. A produtividade estimada para o RS é de 25 sacos por hectare, diz Konrad, enquanto a média nacional deve ficar em 50,9 sacos por hectare. “O Rio Grande do Sul, com certeza, é o maior candidato a importar”, comenta.


Correio do Povo
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