Indústria de máquinas espera reforço no Plano Safra

Indústria de máquinas espera reforço no Plano Safra

Fabricantes vêm registrando queda de vendas desde o esgotamento das linhas de crédito com juros controlados para compra dos equipamentos

Patrícia Feiten

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A poucos dias do anúncio do Plano Safra 2023/2024, que entrará em vigor em 1º de julho, a indústria de máquinas agrícolas aposta na liberação de um maior volume de recursos para investimentos em tecnologia no campo. A expectativa é que o Moderfrota, principal linha de crédito para compra desse equipamentos, venha com taxas de juros mais favoráveis e o governo federal amplie o aporte destinado aos agricultores familiares no âmbito do Pronaf.

Neste ano, a divulgação do programa federal será feita em duas etapas. O Plano Safra 2023/2024 para a agricultura empresarial será anunciado na terça-feira, dia 27 de junho, e o da agricultura familiar, no dia seguinte. Sem dar detalhes, em entrevistas e publicações em redes sociais ao longo desta semana, os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, prometeram um plano reformulado e robusto.

Com o esgotamento do crédito sob juros subsidiados, os negócios com máquinas estão travados. De janeiro a abril, a receita de vendas caiu 17,6% na comparação com o mesmo período de 2022, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Segundo a diretora de Economia e Estatística da entidade, Cristina Zanella, o setor espera reverter esse quadro no segundo semestre, se confirmadas as cifras e condições esperadas para atender à demanda. “Nas conversas com o governo, a gente sinalizava para uma necessidade ao redor de R$ 45 bilhões para essas linhas de financiamento”, diz Cristina. Em todo o ano passado, o faturamento dos fabricantes chegou a R$ 91 bilhões.

No último Plano Safra, o Moderfrota teve juros anuais de 12,5%, e o Pronaf, de 5,5% ao ano. Se quiser financiar a aquisição de uma máquina atualmente, o agricultor precisará recorrer a taxas de mercado, o que pode significar juros de cerca de 20% ao ano, observa Cristina. Para comparação, a taxa básica da economia, Selic, está fixada em 13,75% ao ano. “Se os recursos vierem ao custo da versão do ano passado, já será bastante importante para estimular o investimento no campo, principalmente a linha do Pronaf. O incentivo à produção de máquinas de menor porte, o setor está bem otimista com relação a isso”, afirma Cristina.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier, reuniu-se nos últimos dias com parlamentares e representantes do governo federal em Brasília, entre os quais o ministro Pedro Teixeira, para encaminhar os pleitos dos fabricantes gaúchos. “Estamos pedindo que o juro seja menor e que venha dinheiro, mostrando que esse juro está muito caro, que o mercado está parando”, diz Bier. Segundo o empresário, o setor está otimista; “O que a gente tem visto, dos assessores com que a gente tem falado até agora, é que eles estão entusiasmados, principalmente para os pequenos agricultores”, afirma.


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