Insumos têm alta superior a 100%

Insumos têm alta superior a 100%

Levantamento da CNA mediu inflação dos principais produtos utilizados pelo produtor rural

Danton Júnior

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A elevação de preços dos principais insumos utilizados no campo foi a principal responsável pelo aumento de custos da agropecuária em 2021, segundo levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Entre os defensivos e fertilizantes, há produtos em que a alta superou os 100% de janeiro a setembro deste ano. As informações constam no relatório do projeto Campo Futuro, desenvolvido em conjunto com universidades, que realizou 127 painéis de levantamento de custos de 24 atividades produtivas.

Entre os defensivos, o glifosato registrou a maior alta, com 126,8% desde o mês de janeiro de 2021. Na comparação com janeiro do ano passado, a escalada no preço ultrapassa os 200%. A valorização foi influenciada pela interrupção da operação de indústrias fabricantes na China e problemas com o fornecimento da matéria-prima. Além disso, a proibição do paraquat também pesou na cotação, já que provocou um aumento na demanda. Entre os fertilizantes, o cloreto de potássio teve uma alta de 152,6% no acumulado do ano, enquanto o fosfato monoamônico e a ureia valorizaram-se em 70,1% e 74,8%, respectivamente.

Segundo o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, a entidade tem discutido o assunto junto ao Ministério da Agricultura e monitorado a situação por meio do seu escritório na China. A preocupação deve permanecer em 2022, não só quanto ao preço, mas também com relação às condições de fornecimento. "Há uma série de ações em andamento em que a CNA tem trabalhado para tentar minimizar esse impacto não só de preço, mas também de oferta de produto para o ano que vem", explicou. De acordo com ele, os números levantados pelo projeto são utilizados pela entidade para mensurar o impacto nos sistemas produtivos de propostas surgidas no Executivo ou no Legislativo. 

A alta nos insumos influenciou o custo operacional da soja, que foi 17% superior no ciclo 2020/2021 em comparação à safra anterior. O custo mais elevado foi registrado em Camaquã, no Rio Grande do Sul, com um desembolso calculado em quase R$ 4,5 mil por hectare. Nas lavouras de milho, o principal gasto foi com o controle de pragas, 25,7% superior à safra passada.

As rações também aumentaram de preço no mesmo período, com elevações de 15% a 20%. Os painéis voltados à pecuária leiteira apontaram que os sistemas de produção com maior eficiência produtiva, com mais de 10 mil litros por hectare ao ano, obtiveram os melhores resultados financeiros, com margem líquida de R$ 0,04 por litro. Na pecuária de corte, o grande desafio foi a reposição de animais. De janeiro a setembro, o custo operacional efetivo dos sistemas de recria e engorda acumularam alta de 15,2% em relação a 2020. No caso da avicultura de corte, os modelos analisados apontam desempenho satisfatório para cobrir os desembolsos, porém sem conseguir cobrir as depreciações dos equipamentos e o pró-labore do produtor. 


Correio do Povo
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