Juros do agro podem seguir queda da inflação

Juros do agro podem seguir queda da inflação

Possibilidade foi levantada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em encontro com lideranças rurais em Passo Fundo

Thaíse Teixeira

Nei Manica questionou Guedes sobre taxas de juros praticadas no Plano Safra

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou nesta sexta-feira, em Passo Fundo, em reunião promovida pela Cotrijal, de Não-Me-Toque, que as taxas de juros dos financiamentos agropecuários oficiais podem acompanhar o movimento da inflação. O índice, segundo ele, apresenta tendência de queda após a turbulência econômica gerada pela pandemia do Covid-19 e pelo início do conflito armado entre Rússia e Ucrânia, no leste europeu. Questionado pelo presidente da Cotrijal, Nei Manica, sobre as altas taxas de juros praticadas no Plano Safra 2022/2023, o ministro lembrou que, historicamente, as correções monetárias dos financiamentos subsidiados acompanham a taxa básica de juros. “Essa é uma preocupação que temos. Assim que a Taxa Selic começar a cair, vai começar a descer a inflação. Vamos ver o que vai acontecer. Estamos abertos a situações de emergência”, declarou ele. A resposta ao líder da Cotrijal foi dada após palestra realizada na tarde de ontem para cerca de 500 lideranças rurais e empresários da região. 

Manica, que recepcionou o ministro no aeroporto da cidade, abriu oficialmente o evento saudando Guedes como o “ministro número 1 do Brasil e do mundo”. Disse que o momento consolidava-se como um marco ao agronegócio gaúcho, para a Cotrijal, para as empresas do setor amplamente representadas, e para as comunidades ligadas à cooperativa. O dirigente ressaltou a força e a representatividade da Cotrijal à economia do Estado e do Brasil. “Em 2021, tivemos um faturamento de R$ 4,3 bilhões. Temos 18,6 mil associados, 1,3 milhão de hectares de área plantada e 2,6 mil colaboradores”, enumerou. 

Manica também destacou a alta produtividade dos associados à cooperativa, especialmente com relação à produção de soja. “Em 2021, alcançamos uma produtividade média de 65,4 sacas por hectare, enquanto a média brasileira é de 58,6 sacas por hectare e a gaúcha, de 55,5 sacas por hectare. E 34% dos nossos produtores já trabalham com produtividade acima de 70 sacas por hectare”, revelou. 

Muito aplaudido pelo público presente, Guedes explanou sobre a condução da economia e sobre as potencialidades e oportunidades de crescimento do agronegócio brasileiro. “ O mundo precisa do Brasil pra viver. Aqui temos uma região efervescente no empreendedorismo, e queremos que isso se espalhe para o Brasil todo”, afirmou. 

Guedes revelou que a estratégia do governo para expansão da agropecuária está em buscar novos mercados. “Vamos fazer com a Índia o que fizemos com a China, que quase não comprava produtos agrícolas do Brasil e, hoje, compra 130 bilhões de dólares”, exemplificou. A projeção é que os negócios brasileiros com a Índia ultrapassem os realizados com a China, já que, segundo ele, é um país que cresce 8% ao ano sendo uma grande democracia. “Vocês estão achando que o mundo já se alimenta do agro do Brasil, pode se preparar que o negócio vai dobrar”, disparou Guedes, elencando ainda ações como retirada total do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) das agroindústrias. “Já começamos a redução gradual, mas, em quatro anos, esperamos zerar o imposto”, projetou.

Questionado pela plateia sobre a necessidade de mais R$ 510 milhões para o pagamento do prêmio do seguro agrícola desta safra, anunciado em R$ 900 milhões e já suplementado em mais R$ 200 milhões, Guedes revelou que o tema já foi alvo de constantes reuniões com a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina. “Temos nos desdobrado. Temos que ajudar, mas sempre os menores. Começamos a transferir recursos do segundo andar para o primeiro andar”, respondeu. 


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