La Niña diminui volume de chuvas em dezembro no RS

La Niña diminui volume de chuvas em dezembro no RS

Impacto pode ser mais forte em lavouras de milho, mas meteorologistas descartam grandes prejuízos para culturas de verão

Patrícia Feiten

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Apesar de estar próximo do fim, o La Niña ainda é motivo de apreensão no setor agropecuário. Sob influência do fenômeno, o mês de dezembro será marcado por volumes de chuvas abaixo da média em praticamente todo o Rio Grande do Sul. A mudança nos padrões históricos, porém, não deverá gerar grandes efeitos negativos na safra gaúcha de verão, avaliam meteorologistas. Causado pelo resfriamento das águas superficiais do Pacífico Equatorial, o evento climático foi o vilão da estiagem que assolou as lavouras de milho e soja no ciclo 2021/2022.

A agrometeorologista Loana Cardoso, coordenadora do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada (Copaaergs), observa que os níveis de precipitação vêm caindo desde outubro e, em novembro, algumas regiões gaúchas registraram até 100 mm abaixo do patamar normal. Com o aumento da temperatura do ar esperado para dezembro e, consequentemente, da demanda evaporativa, a tendência aponta para chuvas esparsas. “Nas áreas onde o déficit (hídrico) já vem se acumulando, isso pode ser um pouco preocupante, principalmente na Fronteira Oeste e em parte da Campanha”, diz Loana.

Para a agrometeorologista, a falta de chuva traz menos riscos à produtividade da soja, que está no início no ciclo. “Podemos ter um desenvolvimento mais lento, plantas de menor estatura. O impacto é, principalmente, para a lavoura do milho, porque uma grande parte entra em floração e enchimento de grãos, que é um período bem crítico”, avalia. Este é o terceiro ano consecutivo de ocorrência do La Niña, que, em mais de 100 anos, foi registrado apenas duas vezes na série histórica da agência climática dos Estados Unidos (NOOA, na sigla em inglês), explica a coordenadora do Copaaergs.

Segundo o meteorologista Flavio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro), as médias históricas de chuva verificadas no Estado ficam entre 100 mm e 140 mm para o Extremo Sul e entre 140 mm e 180 mm para as demais regiões, podendo chegar a 200 mm em áreas do Noroeste. Varone explica que a escassez de chuva será mais marcante na primeira quinzena de dezembro. “Depois, a indicação é de entrada gradativa de umidade, e a segunda quinzena deve ter pancadas de chuva em grande parte do Estado”, afirma.

Embora possam ocorrer problemas localizados em algumas áreas produtoras, o meteorologista reforça que o La Niña não representa ameaça de estiagem generalizada como a que ocorreu no verão passado. “As condições não são as ideais, pode acontecer alguma perda. Mas, no geral, a condição de chuva não deve ser tão determinante neste início de ciclo para perdas mais relevantes aqui no Rio Grande do Sul”, destaca.


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