La Niña indica pouca chuva e chance de geadas tardias no RS

La Niña indica pouca chuva e chance de geadas tardias no RS

Fenômeno não deverá ter impactos na colheita do trigo e na semeadura das culturas de verão no Estado, diz meteorologista

Patrícia Feiten

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O La Niña deve persistir neste último trimestre do ano, com intensidade variando de fraca a moderada nos meses de outubro e novembro e menor força a partir de dezembro no Rio Grande do Sul. Em razão do fenômeno, o Estado poderá registrar a passagem rápida de frentes frias, o que indica a chance de ocorrerem geadas tardias – especialmente neste mês e no início do próximo – e chuvas abaixo da média histórica.

As previsões estão no Boletim trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), e são baseadas do modelo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Segundo o meteorologista Flavio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro), a projeção de níveis de precipitação inferiores à média nos próximos meses favorece a colheita da safra de inverno – nesta quinta-feira (6), a Fenatrigo promove no município de Cruz Alta a Abertura Oficial da Colheita do Trigo, na Fazenda São Luiz, localizada na BR 158 Km 177.

As chuvas esperadas para os próximos dias também não trazem preocupação. “O que pode acontecer e (exigir) um pouco de cuidado são algumas chuvas mais intensas, que podem provocar queda de granizo”, diz Varone.

Com relação à safra de verão, o meteorologista explica que, em boa parte do Estado e principalmente na Metade Sul, ainda há excesso de umidade no solo devido às chuvas recentes. Isso contribui para a largada na semeadura. “Como há previsão de chuva um pouco mais contínua nos próximos dias, essa condição de umidade do solo deve favorecer o início dos trabalhos também na Metade Norte”, observa Varone.

A diminuição da intensidade do La Niña prevista para dezembro significará um retorno gradativo das precipitações, não em volume, mas em frequência. “Para dezembro, mesmo com chuva relativamente abaixo da média, a tendência é de uma regularidade maior de frentes frias entrando no Estado, trazendo um pouco mais de chuva”, explica o coordenador do Simagro.

De olho no clima, as cooperativas agropecuárias gaúchas estão otimistas para a colheita de inverno. “A safra tem boa perspectiva, nos preocupa mais é a questão de liquidez da safra”, avalia o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro-RS), Paulo Pires.

Segundo o dirigente, menos de 1 milhão de toneladas de trigo do ciclo 2022 já foram negociadas antecipadamente para exportação. “Acho que o produtor confia num preço maior e está esperando colher para vender”, afirma Pires. Ele observa que a guerra entre Rússia e Ucrânia, dois grandes fornecedores globais do cereal, continua trazendo instabilidade às cotações internacionais do produto. Neste ano, a safra de trigo projetada pela Emater/RS-Ascar para o Rio Grande do Sul é de 4 milhões de toneladas.

Principal cultura gaúcha de verão, a soja começa a ser plantada neste mês no Estado. De acordo com a Fecoagro, os produtores vêm fazendo o manejo do solo para iniciar a semeadura da cultura, que foi fortemente afetada pela estiagem na temporada anterior. No caso do milho, boa parte das lavouras já foram semeadas e, em alguns lugares, as plantas já emergiram. “Não acreditamos em danos muito fortes devido às geadas que ocorreram na cultura do milho”, diz Pires.


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