La Niña traz frio e geada fora de época ao RS

La Niña traz frio e geada fora de época ao RS

Mudança climática, prevista para a primeira semana de novembro, pode impactar cultivo de frutas e implantação das lavouras de soja e milho

Correio do Povo

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A previsão de temperaturas abaixo da média e a possibilidade de geada tardia em um grande número de municípios gaúchos na primeira semana de novembro pode afetar a produção de frutas e os cultivos de verão em período de germinação. De acordo com a meteorologista do Metsul Estael Sias, está prevista, para os primeiros dias de novembro, a atuação de uma massa de ar polar de intensidade muito forte e incomum para esta época do ano, na qual o ar gelado terá força semelhante a dos meses de inverno. “Temos expectativa de frio intenso, especialmente nas madrugadas dos dias 1º e 4 de novembro", explica. De acordo com Estael, a temperatura pode ficar abaixo de 5ºC em alguns municípios e negativa em outros. “De uma forma geral, a temperatura poderá ficar em torno de 10ºC a 15ºC abaixo do normal em muitas cidades”, projeta. A possibilidade de neve, contudo, ainda é considerada precipitada. 

Assim, Estael afirma que o risco de geada é muito alto: “A geada acontece sob céu claro ou poucas nuvens, com temperatura abaixo de 5ºC e vento de calmo a fraco, condições previstas para a próxima semana”, avalia. Segundo ela, na segunda-feira a ocorrência de geadas é mais esperada para o Oeste e, entre terça e quinta-feira, em outras regiões do Estado e do Sul do Brasil.

Para a professora da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Eliana Klering, se ocorrerem, as geadas tardias podem causar abortamento das flores nos pomares de ameixa, nectarina, maçã e pera. Se o frio durar por mais de quatro ou cinco dias, pode também afetar a germinação das sementes de soja e de milho da safra 2022/23. Mas o que realmente a preocupa são as chuvas abaixo da média previstas ao período, com maior disponibilidade de vento. 

A pesquisadora em Agrometeorologia do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura (SEAPDR) Loana Cardoso lembra que o prognóstico decorre do fenômeno La Niña, que, pelo terceiro ano seguido, reduz chuvas na primavera e facilita a entrada de massas de ar frio. “Assim, temos a temperatura mais baixa de outubro a novembro. E a geada pode ser muito nociva e causar um dano importante à produtividade”, alerta. 


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