Lavouras ficam submersas em Dom Pedrito
Temporais de terça-feira acamam áreas de arroz e encobrem talhões de soja recém-plantados nas encostas de rios
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A onda de temporais que partiu da Argentina e do Uruguai e chegou ao Rio Grande do Sul nesta terça-feira causou prejuízos em plantações e estruturas produtivas na região da Campanha. Os primeiros relatos de produtores indicam perdas pontuais, mas grandes, em Dom Pedrito, Santana do Livramento, São Gabriel, Rosário do Sul e Aceguá.
Na área de abrangência da cooperativa C.Vale, de Dom Pedrito, o excesso de chuva prejudicou, principalmente as lavouras de arroz. Segundo o gerente da unidade, John Barreto Costa, há casos de plantações completamente submersas. “O município está com 80% dos 33 mil hectares de arroz em fase reprodutiva, já formando cacho. Quando pega esses 120 milímetros de chuva que caíram da tarde de terça até a quarta-feira, as plantas acamam, perdem em qualidade e também em produtividade”, lamenta Barreto.
Nos 120 mil hectares de soja do município, os fortes ventos e a chuva incidiram, principalmente, sobre as áreas recém-semeadas e as localizadas em terras (mais) baixas. “Dom Pedrito fica somente a 131 metros acima do nível do mar. Temos problemas nas encostas de rios, que acumulam muita água e deixam as lavouras submersas”, explica Barreto. Atualmente, 20% das plantações de soja de Dom Pedrito estão em emergência, 50% encontram-se em estágio vegetativo e 30% estão em floração.
Há ainda relatos de falta de energia elétrica e de dificuldade no acesso a propriedades devido à queda de postes e de árvores.
Os dados ainda não começaram a chegar na Emater-RS/Ascar em Bagé. Entretanto, o gerente do escritório local, Guilherme Zorzi, garante que as perdas foram pontuais. “Sabemos que houve granizo em Dom Pedrito e Livramento, mas, até agora, não veio informação dos 20 municípios da regional. O dano existe, mas nada foi generalizado”, diz.
Acamamento de milho na região Noroeste
Na região Noroeste do Rio Grande do Sul, os primeiros relatos após a passagem do temporal dão conta do acamamento de algumas plantações de milho. Mas, segundo o vice-presidente do Sindicato Rural de Carazinho e presidente da Câmara Setorial de Milho do RS, Paulo Veiga, as ocorrências ainda são pontuais.
A maioria dos relatos provém de produtores rurais que já estão entraram no processo de colheita do cereal. “Esses agricultores são os plantaram mais cedo, porque decidiram aproveitar a safrinha de soja”, afirma. As plantas de milho mais suscetíveis ao vento e que resultaram em perdas foram as que quebram mais facilmente devido à infestação da cigarrinha. “Só à noite, choveu entre 53 mm a 90 mm aqui. Fica muito difícil colher o milho no chão, além de a espiga começar a perder a qualidade”, detalha o dirigente.