Lavouras tardias de soja têm menor produtividade

Lavouras tardias de soja têm menor produtividade

Problemas fitossanitários, especialmente com a ferrugem asiática, atingem áreas plantadas em dezembro de 2023 e janeiro

Correio do Povo

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Com 66% dos 6,68 milhões de hectares retirados da terra, o sojicultor começou a sentir mais fortemente as consequências do fenômeno El Niño, vivenciado desde a primavera passada no Rio Grande do Sul. O desafio está nas áreas de soja que tiveram o plantio atrasado devido ao excesso de chuva e enfrentam graves problemas fitossanitários.

Após o pico de 5,4 mil quilos por hectare registrado no início da colheita, a Emater/RS-Ascar aponta que a tendência de queda acompanhará os resultados do último terço das áreas que ainda estão por colher. As mais afetadas foram as semeadas em dezembro de 2023 e janeiro, discorre o informativo divulgado nesta quinta-feira.

Em Aceguá, as lavouras colhidas tardiamente e as cultivares precoces alcançaram produtividade média de apenas 1,5 mil kg/ha”, relata o boletim, com referência à área de abrangência do escritório regional de Bagé.

Em Hulha Negra, a produtividade varia entre 2,1 mil kg/ha e 3 mil kg/ha. “Observa-se incidência bastante significativa de ferrugem asiática, especialmente em plantas que se aproximam do final da fase de enchimento dos grãos e que não receberam a última aplicação de fungicida”, detalham os técnicos.

Na Fronteira-Oeste, a colheita abrange de 50% a 60% da área cultivada. Há lavouras que alcançam até 4.000 kg/ha, porém, ainda há relatos de lavouras com média de 2.400 kg/ha.

"Essa variação é influenciada por diversos fatores, como a época de semeadura, a cultivar utilizada, as variações de solo, o acumulado de chuvas e a eficiência no manejo fitossanitário", destaca o boletim.

Já na porção Sul do Estado, a oleaginosa apresenta “relevante variação, geralmente abaixo das expectativas”, conforme a Emater/RS-Ascar. A produtividade oscila entre 2,4 mil kg/ha e 3,3 mil kg/ha, embora alguns produtores atinjam 3,9 mil kg/ha.

Em Arroio Grande e Herval, os produtores relataram dificuldades em realizar a colheita devido à escassez de máquinas colhedoras, as quais estão priorizando as lavouras de arroz. O mesmo ocorre na região da Fronteira-Oeste, na qual os produtores priorizam a colheita de arroz.

“Há escassez de caminhões para o transporte da safra de soja, provocando aumentos nos preços do frete para os produtores”, detalha o informativo.

Como consequência, há atraso generalizado na colheita de soja, com lavouras em processo de debulha. Em outras regiões, onde o processo atrasou devido ao clima, “a safra não sofreu impactos significativos, apesar da exposição prolongada dos grãos maduros à umidade elevada”; assegurou a Emater/RS-Ascar.

A exceção está onde ocorreram danos pontuais devido a precipitações excepcionalmente volumosas na terceira semana do mês, como na região Centro-Oeste do Estado. Nessas áreas, além do atraso na colheita, houve debulha de vagens e transbordamento de cursos d´água.


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