Maçã importada mais barata que a nacional

Maçã importada mais barata que a nacional

Em 2022, os preços estão 35% maiores que no ano passado, o que fez com que o país importasse duas vezes mais maçãs do que no ano passado

Lucas Keske*

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O consumidor já sabe que o preço da maçã costuma subir no segundo semestre do ano, isso se deve ao fato de a safra da fruta começar no fim de dezembro e, dependendo da variedade, estender-se até o fim de maio. Dessa forma, as frutas que são encontradas nos mercados fora desse período de safra são aquelas que ficaram armazenadas para que se consiga atender a demanda pela maçã, que dura o ano todo. Contudo, neste ano, o aumento de preços foi maior que o normal e, em algumas partes do estado, os mercados cobram mais de 10 reais pelo quilo da fruta, preços que fazem com que maçãs importadas ganhem maior penetração no mercado. 

Segundo Marcela Barbieri, analista de mercado de maçã do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), frente ao ano passado, os preços médios estão até 35% superiores. Ainda segundo ela, o principal motivo foi a quebra de safra do ano passado: “O clima adverso durante o desenvolvimento dos pomares, como a seca no verão, tem resultado em um estoque limitado e estamos vendo até classificadores encerrando os estoques antecipadamente nas últimas semanas”, afirma. A quebra alcançou quase 28% na safra 2021/22 (colhida no começo deste ano), totalizando apenas 927 mil toneladas, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM).

De acordo com a analista do Cepea, não deverá ocorrer desabastecimento do produto, já que a baixa quantidade e o alto preço incentivam a importação de maçãs chilenas e argentinas, chegando a um volume 115% maior, em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 79 mil toneladas. As importações devem continuar em alta nos próximos meses a fim de suprir a demanda interna. Ressalta que, neste momento, o país deve importar maçãs europeias, como as portuguesas e italianas, pois acaba de ser realizada a colheita por lá.

Para a Associação Gaúcha de Produtores de Maçã (Agapomi), do ponto de vista do produtor, a situação está aceitável, pois “se esperava uma situação pior”. Ainda segundo a associação, principalmente por causa da pequena oferta, alguns produtores têm conseguido obter um bom valor agregado ao produto.

*Sob orientação de Nereida Vergara. 


Correio do Povo
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