Mais da metade dos alimentos consumidos no Brasil são produzidos na Mata-Atlântica

Mais da metade dos alimentos consumidos no Brasil são produzidos na Mata-Atlântica

Historicamente, o bioma é responsável pela segurança alimentar do país, afirma professor.

Correio do Povo

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Cerca de 52% dos alimentos consumidos no Brasil tem suas produções localizadas em áreas de Mata Atlântica, mas o bioma é responsável pela emissão de apenas 26% dos gases de efeito estufa(GEE) do país. Segundo estudo da ONG S.O.S. Mata Atlântica, assinado pelos pesquisadores Luís Fernando Guedes Pinto, Jean Paul Metzger e Gerd Sparovek, a Mata Atlântica responde por 52% da produção vegetal de alimentos de consumo direto do país (exceto milho, soja e cana); 30% da produção vegetal de não alimentos (fibras, látex e algodão); 43% da produção de soja, milho e cana-de-açúcar, culturas alimentares de consumo direto, indireto (ração de animais) e de energia; 56% da produção de alimentos de origem animal; e 62% de cabeças animais (bovinos, ovinos, aves, suínos).

“Esse resultado é alcançado com uma área de uso agropecuário e emissões de gases de efeito estufa comparativamente menores que as do Cerrado, que se tornou o paradigma e referência da agropecuária nacional nas últimas décadas a partir do cultivo de monoculturas em larga escala e em grandes propriedades”, destaca o pesquisador Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica.

Professor do Departamento de Ecologia da Universidade de São Paulo (USP), conselheiro da SOS Mata Atlântica e um dos autores do estudo, Jean Paul Metzger ressalta que, historicamente, o bioma é responsável pela segurança alimentar do país.

“Desde o início da colonização portuguesa, em 1500, o sistema agroalimentar brasileiro dependeu basicamente da Mata Atlântica durante a maior parte da história, mas o seu potencial atual para contribuir, de forma sustentável, com a segurança alimentar da população brasileira ainda é pouco conhecido e explorado.”

O estudo Produção de Alimentos na Mata Atlântica contou com o apoio da Cátedra Josué de Castro, e dados dos Censos Agropecuários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do MapBiomas e do Atlas da Agropecuária Brasileira.


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