Mapa aumenta rigor para produção de carne moída

Mapa aumenta rigor para produção de carne moída

Regras ampliam exigências quanto à identificação, à qualidade e ao processamento do produto, que pode encarecer ao consumidor

Camila Pessôa

Regra não vale para açougues e supermercados

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O Ministério da Agricultura apertou os critérios de identificação, qualificação e industrialização da carne moída produzida pelos estabelecimentos registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF) e no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA). As normas compõem o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ), instituído pela Portaria nº 664/2022. A publicação atualiza a instrução normativa nº 83/2003 e, segundo a Pasta, pretende assegurar a inocuidade e a segurança do produto, bem como transparência aos consumidores. 

Conforme a diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Mapa, Ana Lúcia Viana, o RTIQ, que entra em vigor em 1º de novembro, é aplicável somente às indústrias, não sendo válidas para os produtos processados em açougues e em supermercados. 

Entre as novas obrigações das indústrias está a obtenção da carne moída apenas a partir da massa muscular dos bovinos, sem a utilização de raspagem ou de outro processo mecânico para separá-la da carcaça. Outra mudança diz respeito à embalagem, que deve ocorrer imediatamente após a moagem, em pacotes de até 1 quilo. Em cada um deles deverá também constar a porcentagem máxima de gordura do conteúdo. A normativa estabelece também, dentre outros, que a matéria-prima deve ser composta exclusivamente de carne, submetida a resfriamento ou congelamento anterior. 

De acordo com o Mapa, o regulamento foi elaborado em conjunto com associações do setor, mas o diretor executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle afirma que a única reivindicação do segmento atendida foi o aumento da temperatura de armazenamento da carne, de -18ºC para -12C. 

Moussalle também expressou descontentamento quanto à obrigatoriedade da utilização de apenas massas musculares na composição da carne moída. “Muitas indústrias já utilizam apenas os músculos, mas a grande maioria não. Usam carne de cabeça, que é mais barata”, afirma. A consequência, projeta, será a elevação do preço do produto ao consumidor final. “Vamos ter que moer um produto que era servido inteiro, isso vai aumentar o preço da carne”, afirma, lembrando que a carne não mais utilizada para esta finalidade será destinada a cozidos e enlatados. 


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