Mara Saalfeld assume presidência da Emater/RS-Ascar
Médica veterinária é a primeira mulher a liderar órgão de assistência técnica no Rio Grande do Sul
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Combate à pobreza no campo, inovação, capacitação técnica de produtores. Essas áreas-chave concentram prioridades de trabalho da médica veterinária Mara Helena Saalfed, que irá liderar a Emater/RS-Ascar nos próximos quatro anos. Primeira mulher indicada para a presidência do órgão, ela atuava como assistente técnica regional de sistemas de produção animal e foi empossada nesta quinta-feira (20), após ter sua nomeação homologada pelo Conselho Técnico Administrativo (CTA) da Emater/RS e pelo Conselho Administrativo (Conad) da Ascar.
No novo posto, Mara diz que dará continuidade às diretrizes já traçadas para o órgão. “A Emater tem um planejamento que perpassa governos e presidentes, um planejamento que é feito dentro da base, desde os extensionistas no campo, com as prefeituras, entidades representativas, conselhos de desenvolvimento e, principalmente, com os produtores. Não é uma coisa que o(a) presidente chega lá e diz ‘vou mudar tudo’”, destaca.
Nesse planejamento, explica a veterinária, ganham destaque ações de enfrentamento às estiagens recorrentes no Estado, como reservação de água, e de apoio à pecuária leiteira, atividade que abrange, segundo a Emater, 411 dos 497 municípios gaúchos. “O que temos feito é procurar dar o produtor tecnologia, o que não quer dizer investimento em maquinário, mas tecnologias à disposição, num trabalho em parceria com Embrapa e a universidade, diminuindo custos dos produtores”, observa Mara.
Um dos pontos fortes da operação da Emater que devem ser intensificados, segundo a candidata à presidência, são os cursos de qualificação promovidos por meio dos centros de treinamento mantidos no Estado. O conteúdo regular cobre todas as áreas de interesse de quem atua na agropecuária, de métodos de manejo até constituição de agroindústrias e empreendedorismo para jovens e mulheres. A partir do interesse manifestado pelos produtores, a Emater oferece ainda cursos sob demanda. Um exemplo é o de avicultura colonial, criado e ministrado no Centro de Treinamento Canguçu. “Hoje, vem gente do Brasil inteiro e até de fora fazer esse curso. Então, conforme a gente vai vendo as demandas, vai se adaptando, porque o conhecimento nós temos”, diz Mara.
Pesquisa premiada
Formada pela Universidade Federal de Pelotas, Mara Saafeld fez mestrado em reprodução assistida de bovinos de leite e também é doutora em biotecnologia. Há quatro décadas ligada à Emater/RS-Ascar, ela iniciou a carreira no órgão atuando nos municípios de Canguçu e São Lourenço do Sul, na Metade Sul. Posteriormente estabelecida em Canguçu, desenvolveu em parceria com a Embrapa Clima Temperado um trabalho de melhoramento chamado Clube do Embrião, para transferência de embriões a pequenos agricultores a partir de técnicas de inseminação artificial. Atuou ainda como chefe do escritório da Emater em Pelotas.
No Centro de Treinamento da Emater em Canguçu, Mara conduziu uma pesquisa sobre silagem de colostro, como é chamado o leite secretado pela vaca na primeira ordenha após o parto. “Acabei descobrindo que o mundo inteiro usava colostro bovino para fins de alimentação e como remédio, medicamento, suplemento. E no Brasil existia uma lei que proibia”, lembra. Em 2007, o estudo foi premiado pela Fundação Banco do Brasil, pela Unesco e pela Petrobras e, em março de 2017, depois de duas audiências públicas em Brasília lideradas pela extensionista, a proibição foi revogada.
O tema também ganha destaque no novo livro que Mara pretende lançar em breve, Do Colostro à Silagem de Colostro. No ano passado, a veterinária lançou o livro infantil O Menino Davi e a Terneirinha Bibi - Aprendendo sobre os caminhos do leite, distribuído aos escritórios municipais da Emater.
