Margem de lucro tende a cair na próxima safra

Margem de lucro tende a cair na próxima safra

Estudo feito pela CNA indica que estabilização do preço dos grãos já é visível enquanto custo das lavouras permanece em curva ascendente

Nereida Vergara

Colheita de soja

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A consolidação dos dados coletados pelos painéis do programa Campo Futuro aponta que as margens de lucro obtidos pelos produtores na safra 2020/2021 foram históricas, mas não devem ser mantidas no ciclo 2021/2022. O resultado foi divulgado nesta quinta-feira pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), que participa da iniciativa de abrangência nacional da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Cepea/Esalq/USP.

No Estado, a pesquisa apurou custos das culturas do milho, soja, trigo e arroz – em Bagé, Carazinho, Camaquã, Cruz Alta, Tupanciretã e Uruguaiana – e detectou que os preços dos grãos já se estabilizaram enquanto os custos não param de subir.

Economista da Farsul que participa da equipe técnica do Campo Futuro, Ruy Silveira Neto diz que chama a atenção a alta dos preços das sementes – 38% para as de soja, 35% para as de trigo e 29% para as de arroz – e em itens como herbicidas, energia elétrica e fretes. Os custos totais das lavouras de soja e arroz, subiram, respectivamente, 13% e 21%. 

Segundo Silveira, para cobrir os custos de produção, a saca de soja deveria ser vendida a R$ 67,00 na safra encerrada e R$ 85,00 na próxima e, na mesma comparação, a de arroz a R$ 44,00 e R$ 65,87, a do milho a R$ 34,87 e R$ 44,47 e a do trigo a R$ 45,00 e R$ 70,00. “Esses dados devem nortear as decisões que o produtor tomará no próximo plantio”, observa.

Com um trabalho semelhante em andamento, e com resultados previstos para as próximas semanas, a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro) reconhece que a tendência apontada pelo Projeto Campo Futuro está se confirmando. “É clara a inclinação para o recuo nas margens de lucratividade”, afirma o diretor administrativo da entidade, Sérgio Feltraco.

O diretor administrativo da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes do Rio Grande do Sul (Apassul), Jean Carlos Cirino diz que o preço das sementes é muito influenciado pelas cotações dos grãos. “Além disso, tivemos aumento nos royalties pagos aos obtentores e na sacaria”, completa.


Correio do Povo
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