Ministro admite preocupação que outros países adotem medida dos EUA de suspender carne brasileira

Ministro admite preocupação que outros países adotem medida dos EUA de suspender carne brasileira

Blairo Maggi espera que problema seja resolvido com mudança na vacinação contra aftosa

Correio do Povo e Rádio Guaíba

EUA suspenderam importações de carne bovina brasileira

publicidade

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, admitiu nesta sexta-feira temor de que outros países adotem a medida anunciada pelos Estados Unidos nessa quinta de suspender a compra da carne brasileira. De acordo Maggi, o volume de exportação para os EUA não representa uma perda significativa para o Brasil, mas o fato de outros países seguirem o padrão norte-americano exige que o problema seja rapidamente solucionado.

“Nós começamos neste ano a mandar carne para os Estados Unidos. Então não temos um grande volume. Financeiramente não é um problema, é mais de mercado. Há países que seguem os Estados Unidos. Fecha lá e esses países também. Se a carne entra nos Estados Unidos, eles aceitam. Quanto mais rápido conseguirmos resolver isso, melhor para evitar prejuízos”, alertou Maggi em entrevista à Rádio Guaíba nesta manhã.

De acordo com o ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), adulteração observada na carne na análise feita pelos Estados Unidos se dá por reação da vacina contra a febre aftosa. O ministro Blairo Maggi espera apresentar uma resposta aos EUA já na próxima semana. Ele tenta ainda adiantar uma reunião que tem marcada para o dia 3 de julho nos Estados Unidos sobre o tema para os próximos dias.

“O Brasil é um país livre de aftosa por vacinação. A carne exportada para os EUA apresentou esse sintoma devido à vacinação. Temos que fazer uma mudança na forma de fazer o preparo dessas peças, no corte… Temos o plano todo já terminado. Assim que apresentarmos o plano, esperamos que seja novamente liberada (a exportação)”, continuou o ministro.

Influência da operação Carne Fraca e da JBS

O ministro Blairo Maggi acredita que a Operação Carne Fraca, deflagrada em março, tem influência na medida adotada pelos Estados Unidos. De acordo com ele, os EUA e países da Europa agora fiscalizam 100% da carne brasileira que importam, o que aumenta a chance de algum problema ser encontrado.

“Antes da Carne Fraca, os contêineres entravam nos EUA e eles pegavam amostras de 10% para análise. Depois, todas as carnes para Europa e EUA estão sendo fiscalizadas. É 100%. Por isso a gente tem sofrido mais nesses últimos tempos. Não só nos EUA, mas também em alguns países da Europa. A Carne Fraca gera um prejuízo permanente”, apontou o ministro, que disse o envolvimento da JBS na crise política brasileira também tem afetado na exportação.

“Tudo é interligado. Quando os astros se alinham para o bem, tudo vai para o bem. Quando é para o mal, tudo vai para o mal. Alguma influência certamente tem”, respondeu.

O Mapa informou que realizou pedido aos laboratórios que produzem a vacina contra aftosa para que reduzam a dose atual de 5 ml para 2 ml. De acordo com o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério, Guilherme Marques, a medida está em consonância com a programação de retirar totalmente a vacinação do país entre 2019 e 2023. Outra medida adotada pelo ministério é a retirada do sorotipo C da vacina. O ministério garante que a reação à vacina identificada nas análises dos EUA não oferece risco à saúde pública.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895