Mudança de governo nos EUA pode impactar agronegócio

Mudança de governo nos EUA pode impactar agronegócio

Entre as possíveis novidades, economistas apontam diretriz sobre questões ambientais e relação comercial com a China

Cíntia Marchi e Nereida Vergara

Biden deve reconduzir Estados Unidos aos acordos sobre meio ambiente

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O perfil diplomático do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, pode trazer repercussões para o Brasil na demanda por produtos do agronegócio. Desde que EUA e China iniciaram a guerra comercial, em 2018, com o governo norte-americano impondo uma longa lista de taxações aos asiáticos, as exportações de grãos e carnes no Brasil bateram recordes. Economistas acreditam que o discurso menos agressivo do que o adotado por Donald Trump pode ter efeitos futuros, mas consideram que é cedo para fazer previsões ou apostar em tendências.

O professor do curso de Pós-Graduação em Agronegócios da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Nilson Costa, entende que há espaço na conjuntura mundial para que o agronegócio brasileiro continue ofertando produtos para a China, mesmo com adoção de uma nova postura por Biden. “Mas é evidente que se espera do presidente eleito a retomada das relações comerciais multilaterais”, diz. Costa pondera que o impacto maior da eleição de Joe Biden para o Brasil poderá se dar nas questões ambientais. De acordo com o professor, o novo presidente deve reconduzir os EUA aos grandes acordos de meio ambiente abandonados por Trump, o que forçará o Brasil a rever suas posições. 

Para o economista Marcelo Portugal, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o democrata poderá optar por um discurso menos agressivo em relação à China, mas a disputa entre as potências pela hegemonia mundial não irá esfriar. O economista observa que Biden poderá criar alguma medida para restringir a importação de carne brasileira, devido à discussão envolvendo efeitos da pecuária sobre os desmatamentos. “Mas é muito prematuro afirmar qualquer coisa”, pondera. 

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira, afirmou que o colegiado “reforça o exercício do diálogo como ferramenta para continuarmos avançando em nossa parceria com os EUA”. 


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