Nova classificação do solo condiciona obtenção de financiamento para o plantio de soja

Nova classificação do solo condiciona obtenção de financiamento para o plantio de soja

Emater/RS-Ascar orienta produtores a enquadrar perfil da terra entre seis classes ao invés das três adotadas até o ciclo 2022/2023

Itamar Pelizaro

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Com a colheita da soja tecnicamente encerrada em 6,5 milhões de hectares no Rio Grande do Sul, conforme o período indicado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), a Emater/RS-Ascar orienta produtores gaúchos sobre o novo método de classificação física do solo, condição que será aplicada para obtenção de crédito oficial para a safra 2023/2024. “A ideia é inserir a parte do manejo, internalizar certos indicadores que mostram lavouras com menor risco, para começar a formatar projetos de crédito para encaminhar aos agentes financeiros”, explica o coordenador da área de crédito da Emater, Célio Alberto Colle. A Emater elabora entre 25 mil e 30 mil projetos de custeio por ano.

O Zarc passou a contar com seis tipos diferentes de classes solo de acordo com a quantidade de água disponível no solo. Até então, eram aplicados apenas três, que levavam em consideração apenas a concentração de argila em sua composição. Para encontrar o novo denominador, é preciso calcular a proporção percentual entre argila, silte e areia e correlacioná-la com a capacidade de armazenamento de água na terra -  o chamado índice de Água Disponível (AD).

Na prática, o produtor terá que baixar o  aplicativo Zarc - Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa, para identificar a classe do seu solo pelas novas regras. A primeira cultura a adotar os novos parâmetros será a soja, na safra 2023/24. Conforme Colle, a lógica é levar para dentro do sistema outros indicadores que diferenciam o nível de manejo dos produtores. Ele faz uma analogia com o seguro de veículos, pelo qual o custo total de um seguro vai depender de diferentes informações sobre o perfil dos usuários e o grau de risco de cada um  para estipular valores a serem pagos. “Hoje tem taxas de juros e também, na questão de seguro, por exemplo, o prêmio. No mesmo município, existem as mesmas faixas para os produtores, mas há aqueles com melhor manejo, mais cuidados com o ambiente e o solo”, diz Célio. Segundo a Emater, os agentes financeiros já estão realizando pré-custeios para a próxima safra de soja e o produtor pode obter recursos para antecipar a compra de insumos e evitar o período de aumento de preços, mais próximo ao plantio.

O atendimento ao Zarc é requisito para concessão de financiamentos agropecuários por instituições financeiras, no âmbito do crédito rural e acesso ao Proagro e Proago Mais. O zoneamento define o melhor momento para o cultivo, indicando probabilidade de perdas na produção por cultura e município, sinalizando os períodos de semeadura com menor risco climático. O Zarc é obtido a partir de dados oficiais, sistematizado pela Embrapa, envolvendo séries climatológicas históricas, tipos de solo, comportamento e exigências da espécie plantada, tipos de cultivares e sistemas de produção.


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