Novas amostras apontam deriva de herbicida 2,4-D

Novas amostras apontam deriva de herbicida 2,4-D

Das 57 amostras coletadas em cultivos sensíveis entre agosto e 13 de novembro, 42 testaram positivo

Cíntia Marchi

Laudos apontam presença do 2,4-D em 73,68% das amostras analisadas entre agosto e novembro

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Novos laudos laboratoriais, divulgados ontem pela Secretaria da Agricultura (Seapdr), mostram que continua crescendo o número de propriedades atingidas com a deriva do herbicida hormonal 2,4-D e do ingrediente ativo Clomazona no Rio Grande do Sul. Das 57 amostras coletadas em cultivos sensíveis pelos fiscais estaduais, entre agosto e 13 de novembro, 42 testaram positivo para o 2,4-D, produto recomendado para as lavouras de soja. Somente em Jaguari 13 propriedades produtoras de uva foram atingidas.

Das 42 amostras positivas para o 2,4-D, 12 apresentaram também incidência de Clomazona, usado nas áreas de arroz. Outros três laudos indicaram a presença somente de Clomazona e 12 estavam livres da deriva de ambos os herbicidas. No início do mês havia confirmação de apenas nove laudos positivos.

O chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários (Disa), Rafael Lima, afirma que denúncias continuam chegando diariamente à secretaria e que todas serão apuradas. Informou ainda que, quando há sintomas de deriva de Paraquate e Glifosato, o próprio produtor tem custeado o exame laboratorial, já que o contrato feito entre a Seapdr e o laboratório não prevê análise para estes dois tipos de agrotóxicos. Lima solicita que os produtores redobrem os cuidados no uso dos herbicidas neste momento, já que novembro costuma ter uma janela muito curta para as condições de aplicação segura.

Para monitorar as condições climáticas em tempo real em municípios que têm registrado ocorrência de deriva, o Estado irá instalar, até dezembro, 20 estações meteorológicas. Na última semana, as estruturas foram montadas em São Borja, Bossoroca e Jaguari. Nos próximos dias, será a vez de São Francisco de Paula, Caxias do Sul, Porto Vera Cruz e Aceguá. Com os dados, os fiscais da Seapdr terão mais subsídios para investigar a origem das derivas. Segundo o secretário da Agricultura, Covatti Filho, a instalação das unidades de monitoramento permitirá também mais facilidade na prevenção de estragos e amenização de impactos de eventos climáticos que atingem com frequência o Rio Grande do Sul, como granizo e geadas. 


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