Novos mercados para o gado vivo

Novos mercados para o gado vivo

Estado é candidato a exportar animais para cinco integrantes da União Econômica Eurasiática

Itamar Pelizzaro

A notícia é celebrada pelo setor pecuário, que aguarda definições sobre acordos sanitários entre os países para iniciar os embarques.

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O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou a abertura de cinco novos mercados para a exportação de bovinos vivos: Rússia, Belarus, Armênia, Cazaquistão e Quirguistão, países integrantes da União Econômica Eurasiática (UEEA) que somam população de cerca de 180 milhões de habitantes e nos últimos cinco anos importaram mais de 200 milhões de dólares anuais de outros fornecedores. A notícia é celebrada pelo setor pecuário, que aguarda definições sobre acordos sanitários entre os países para iniciar os embarques.

Conforme o Mapa, a autorização para importação foi concedida durante reunião, em Moscou, entre representantes brasileiros e o serviço de supervisão veterinária e fitossanitária da Rússia, para a entrega do Certificado Zoossanitário Internacional (CZI). Segundo o Mapa, em 2022 o Brasil exportou 1,8 bilhão de dólares em produtos do agronegócio para a UEEA, sendo os principais a soja em grãos (48%), o açúcar bruto (16%), a carne bovina (9%) e o café verde (7%).

A abertura dos novos mercados é alvissareira, na opinião do coordenador da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura do RS (Farsul), José Fernando Piva Lobato. “É mais uma porta que se abre, e o Brasil precisa de novos mercados. A produção tem aumentado e continuamos buscando aumento de produtividade por hectare e por animal”, afirma Lobato, defensor da implantação de tecnologias geradas pela pesquisa brasileira para que o país alcance todo seu potencial produtivo.

Conforme Lobato, os produtores aguardam a formalização de acordos sanitários entre os países importadores. Os trâmites para exportação não são tão ágeis como anúncios políticos. No caso da Indonésia, país com 273 milhões de habitantes, as tratativas para exportação de carne se iniciaram em 2018, mas somente em 2023 foram feitos os primeiros embarques, comenta o dirigente.

Para o veterinário Fernando Velloso, da Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha, as operações para os novos países fortalecerão o mercado de gado e a pecuária. “Todo canal novo de exportação, seja para carne ou animais vivos, é muito positivo”, disse. Conforme o consultor, o Rio Grande do Sul é um dos polos mais importantes na venda de gado vivo do Brasil, com o diferencial de exportar raças europeias, diferentemente do Pará, exportador de destaque em zebuínos e animais cruzados. No Estado, lembra Velloso, a exportação de gado vivo já conta com várias empresas que compõem a atividade.

Velloso lembra que ainda existem pessoas e setores que criticam a exportação de gado vivo, rotulando-a como venda de matéria-prima. “Essa visão é incorreta. Quando há exportação de gado vivo, há estímulo e incremento da produção da pecuária. Ou seja, os produtores produzem mais terneiros e investem mais na produção, ampliam os rebanhos, melhoram processos para produzir mais, porque tem mais confiança no mercado”, defende. 


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