Olericultura está em alerta por falta de chuvas

Olericultura está em alerta por falta de chuvas

Culturas ainda não foram significativamente prejudicadas, mas podem ser em breve

Camila Pessôa

Batata-doce é um dos cultivos que já passa por perdas no estado

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Ainda não há sinais de perdas para as verduras e hortaliças e o fornecimento da Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS) está normal, mas se não houver chuva o suficiente nos próximos 10 dias, a situação pode piorar. Essa é a avaliação do gerente técnico da Ceasa, Claiton Colvelo. Segundo ele, a produção ainda não está prejudicada porque desta vez os problemas se iniciaram mais tarde, se comparado à última safra. Mas as altas temperaturas e baixa umidade observadas no momento devem prejudicar em especial as verduras, mais sensíveis. Colvelo afirma que, como estas são de clima temperado, uma temperatura acima de 28º já começa a afetá-las. 

Mas mesmo com a regularidade do abastecimento, Colvelo ressalta que os preços estão acima dos praticados em 2022, como consequência do aumento nos custos de produção e desvalorização do real frente ao dólar, mas têm baixado, por conta da entrada no período de safra gaúcha. De acordo com o gerente técnico, as olerícolas com maior risco de serem prejudicadas pela estiagem são o tomate, a abobrinha e o pepino. Entre os atacadistas, Colvelo também observa uma insegurança em decorrência da instabilidade política do país, com alguns pensando até em reduzir lavouras frente, também, à baixa margem de lucro.

Em Porto Alegre e municípios próximos, a situação é de economia em relação às reservas de água, de acordo com o extensionista da Emater/RS-Ascar na região Luis Bonh. “Ainda não temos nenhum grande relato em termos de perda específica da olericultura, mas o quadro é preocupante”, ressalta o extensionista. “Estamos num momento nervoso”, completa. De acordo com ele, já é observado algum prejuízo para o aipim, que teve atraso no plantio, e para a batata-doce, cultivo em que já houve perdas no Estado. “Mas ainda é recuperável, dependendo da ocorrência de chuvas”, avalia Bohn. “Mas para as olerícolas de modo geral, vai depender muito agora de ter uma estrutura de reserva de água para irrigação”, finaliza. 

Já em Uruguaiana, a chuva anunciada para o final de semana não chegou, exceto em pontos isolados, e o índice médio é de 10 milímetros, irrelevante diante da crise no campo que se agrava em diversos segmentos da produção primária, principalmente entre os pequenos e médios agricultores e pecuaristas. A média histórica de precipitação em janeiro é de 130 milímetros e até esta segunda-feira foram recolhidos 38 milímetros, ou seja, 29% do volume para o período. Segundo o extensionista da Emater-RS/Ascar Emanoel Torres, as perdas no cultivo da melancia já atingem 75% dos 20 hectares plantados; 80% dos 15 hectares de melão; e comprometem o desenvolvimento dos 18 hectares plantados de mandioca. Ao menos 40 produtores são afetados diretamente. O rio Uruguai está medindo 1,01 metros, dois metros abaixo da média usual. O rio Quaraí, ainda de acordo com Torres, “pode ser varrido para tirar a poeira”, uma vez que está completamente seco.


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