Organizadores de remates de outono observam forte demanda por terneiros e terneiras

Organizadores de remates de outono observam forte demanda por terneiros e terneiras

Ágio de 15% e 20% no preço dos terneiros em relação ao boi gordo e paridade entre valores de machos e fêmeas sustentam liquidez

Patrícia Feiten

Leiloeiro destaca valorização do gado

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A maratona de remates de outono começou com resultados animadores para o mercado de reposição. Os eventos que movimentam pistas de parques de exposições e sindicatos rurais no Estado desde o mês passado, tanto em leilões particulares quanto em feiras do calendário oficial da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), vêm registrando forte demanda por terneiros e terneiras, de acordo com empresas organizadoras. Como o maior número de remates ocorre em maio, a expectativa do setor é de negócios aquecidos no resto do outono e na próxima temporada de primavera.

Segundo o presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais e Empresas de Leilão Rural do Rio Grande do Sul (Sindiler/RS), Fábio Crespo, os remates já realizados refletiram a boa valorização e liquidez dos animais, mesmo após um período de severa estiagem que causou prejuízos ao agronegócio. “A pecuária é um segmento que se mantém ativo e rentável, independentemente do que pode estar se passando aí fora. Passamos por uma seca bem forte e o gado está valendo”, avalia Crespo. Para os preços obtidos, os leilões apontaram ágio (sobrepreço médio) da arroba do terneiro em relação ao quilo vivo do boi gordo entre 15% e 20%, em linha com o patamar histórico dos últimos anos, afirma o dirigente.

O leiloeiro e diretor da Trajano Silva Remates, Marcelo Silva, destaca que os remates vêm indicando uma inédita paridade nos valores alcançados por machos e fêmeas, com terneiros e terneiras negociados, respectivamente, a R$ 14 e R$ 13,92 o quilo vivo. “Isso (se deve) à retomada de fêmeas para botar em cria, mas também para engorda e abate”, explica. A valorização das matrizes é atribuída a fatores como o aumento das vendas de carne bovina para a China e a retomada das exportações de bovinos vivos no Estado – nesta segunda-feira, 6 mil terneiros em pé foram embarcados no Porto de Rio Grande rumo ao Egito. Outro motivo é a necessidade de diversificação de atividades. “A frustração da safra está levando investidores a não deixar todos os ovos na mesma cesta, a investir em pecuária”, observa Silva.

O leiloeiro Enio Dias dos Santos, da EDS Remates, também confirma a temporada aquecida e diz que as transmissões pela internet ampliaram o alcance das empresas organizadoras. Ele cita o leilão promovido pelo Sindicato Rural de Caçapava do Sul em 28 de abril, que ofertou 1.772 animais, com peso médio de 191 quilos, e obteve preço médio de R$ 14,22 pelo quilo vivo. “Não tivemos mais (exemplares) porque não coube, nossa capacidade de mangueiras se esgotou, vendemos 100% da oferta”, comemora. Segundo Santos, outra tendência sinalizada nos remates é o aumento no percentual de pagamentos à vista na negociação de terneiros. “Para a fêmea jovem, que é um investimento de médio e longo prazo, a grande queixa (dos compradores) é a falta de crédito para investimento”, diz.

 


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