Orizicultores contabilizam prejuízos do temporal

Orizicultores contabilizam prejuízos do temporal

Após vendaval, arroz que estava por colher na Fronteira-Oeste, em Santa Vitória do Palmar e em Pelotas pode ser de 60% a 70% aproveitado

Correio do Povo

Produção de área atingida por vendaval pode ser parcialmente recuperada

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A colheita de arroz irrigado está concluída em 22,5% dos 900,2 mil hectares plantados na safra 2023/2024 no Estado, segundo divulgou o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). No entanto, a velocidade dos trabalhos e o volume esperado de colheita devem ser alterados, pelo menos, nas regiões que os ventos superaram 100 quilômetros por hora durante o temporal que varreu os municípios gaúchos no final da semana passada.

Segundo o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, os danos existem e são considerados pontuais. O maior problema foi o acamamento das plantações. Os orizicultores mais atingidos estão na Fronteira-Oeste, na região de Santa Vitória do Palmar e de Pelotas. “Temos notícia de prejuízo em lavouras de arroz que estavam prontas para ser colhidas”, detalhou o presidente da Associação Rural de Pelotas, Augusto Rassier.

O orizicultor Matheo Marques, da localidade de Caçacã, em São Borja, é um dos que terá de empreender tempo e dinheiro para salvar parte da produção que estava em ponto de colheita e foi acamada. “Tenho duas áreas de 70 hectares de arroz. Uma foi metade atingida e a outra, de 15% a 20%”, relata o agricultor cooperado da C.Vale.

Manejo minucioso

A retirada dos grãos do chão, porém, requer um manejo diferenciado, minucioso e oneroso. O primeiro passo será escoar a água acumulada nos terrenos, processo que se dá com o rompimento das taipas de contenção dos talhões irrigados.

“O grão cola no chão. Se não tirar a água, ele germina e começa a brotar. Daí é que você perde tudo mesmo”, explica o agricultor.

A intenção é recuperar de 60% a 70% dos grãos acamados. Para isso, além de dias secos, Marques terá de contar com a competência e a experiência do operador da colheitadeira. “Tem que ter muito cuidado para colher o arroz ‘deitado’ na hora de passar a maquina. É preciso diminuir a velocidade para não perder o que está no chão”, argumenta.

Apesar de moroso, o trabalho precisa ser executado antes que nova precipitação ocorra sobre as plantas já acamadas. “Invés de colher, por exemplo, mil sacos por dia, vou colher 500 sacos por dia, mas tenho que tentar colher tudo para que não venha outra chuva e outro vento para acamar ainda mais”, detalha Marques.

Nas lavouras de soja que acamaram, o maior problema está nas que ainda requerem a aplicação de fungicidas. Com a impossibilidade de entrar com o maquinário na lavoura, a pulverização tem de ser aérea.

“Formas de remediar têm. O problema é o custo”, afirma Marques.

Maior parte das lavouras em maturação

A grande maioria das lavouras de arroz do Estado está em maturação (51,5%). De acordo com o último boletim do Irga, outros 24% estão em estágio reprodutivo e 0,9%, em vegetativo. No mesmo período da safra anterior, 50% da área plantada já estava colhida.

A Fronteira-Oeste é a regional do Irga com a colheita mais avançada. A operação já foi encerrada em 96 mil hectares, que equivalem a 36% dos 263,9 mil hectares semeados. Na sequência, estão os produtores localizados na Planície Costeira Externa, com 31% dos 100 mil hectares colhidos. O percentual chega a 21% nos municípios da Planície Costeira Interna, que plantaram 132,9 mil hectares com o cereal nesta safra.

Na Zona Sul, a colheita atingiu 12% dos 154,3 mil ha, marca que chegou a 11,5% na porção Central do RS. Já na Campanha, os orizicultores colheram 12,5 mil ha, área equivalente a 9,7% dos 130 mil ha cultivados.


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