País comercializa 15% menos soja até o início de março

País comercializa 15% menos soja até o início de março

Queda é explicada pelo atraso do plantio no Rio Grande do Sul e ao excesso de chuva no Paraná e no Mato Grosso do Sul nos primeiros meses do ano

Camila Pessôa

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O Brasil comercializou, internamente e em exportações, 36% da safra 2022/2023 de soja até o início de março. O volume é 15% abaixo da média de 51% para o período,  aponta o analista de soja da consultoria Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez Roque. O recuo deve-se basicamente à diminuição do volume colhido em relação a anos anteriores devido ao atraso do plantio no Rio Grande do Sul e ao excesso de chuvas no Paraná e no Mato Grosso nos primeiros meses do ano. 

O cenário também reflete a retenção do produto já colhido no campo. “O produtor tem segurado a venda na espera de preços melhores que não estão vindo. Agora, vai se ver obrigado a negociar por preços mais baixos, derivados de uma entrada de safra muito grande no Brasil”, explica Roque. A situação, no entanto, não se aplica no RS, estado bastante afetado pela estiagem. “Os demais estados colheram bem e acabaram se dando ao luxo de especular um pouco mais com o mercado e isso acabou atrasando a comercialização”, explica. 

Conforme a Safras & Mercado, a expectativa é de que a soja brasileira bate recorde nas exportações deste ano, com 94 milhões de toneladas, o último recorde é de 2020/2021, com 86 milhões de toneladas. A estimativa de produção para este ano no país é de 152,4 milhões de toneladas. “A gente tem problemas produtivos no Rio Grande do Sul, mas são bem menores que no ano passado. Algumas regiões do Estado que vão colher bem”, pontua Roque. O assistente técnico em Culturas da Emater/RS-Ascar Alencar Rugeri assegura que a “a estiagem persiste e insiste”. “O cenário é preocupante. A situação só não é pior que a do ano passado porque há chuvas em algumas regiões do Estado”, comenta. 

A projeção da consultoria é que a colheita gaúcha fique em torno de 17 milhões de toneladas, ante as 10 milhões de toneladas da safra. “É uma recuperação importante, mas se o Rio Grande do Sul não estivesse com quebra, teríamos uma safra brasileira ainda maior”, afirma o analista.

Com intensificação da colheita, que ocorrerá a partir de agora, Roque diz que as exportações voltarão à normalidade, com uma expectativa de embarque de aproximadamente 15 milhões de toneladas em março. “A maior parte da exportação brasileira ocorre entre os meses de março e julho, e com esse volume grande disponível, vamos ter uma recuperação”, conclui. 

 


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