Padronização da toalete de carcaças bovinas mobiliza pecuaristas

Padronização da toalete de carcaças bovinas mobiliza pecuaristas

Consulta pública sobre novas regras do Mapa para abates se encerra nesta terça-feira, e setor pede mudanças

Patrícia Feiten

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Entidades representativas de pecuaristas pressionam o governo federal por ajustes nas normas propostas para a chamada toalete de carcaças bovinas – procedimento de limpeza do animal realizado nos frigoríficos, com a remoção de partes, antes da pesagem. Na avaliação do setor, o projeto apresentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na portaria SDA Nº 515 de 1º de fevereiro de 2022, que trata do abate e inspeção de bovinos e está sob consulta pública até o próximo dia 31, não traz regras claras e, se aprovado, pode acarretar prejuízos aos produtores rurais.

O vice-presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Paulo Costa Ebbesen, explica que, em legislações anteriores, o Mapa já estabeleceu o conceito de carcaça – o conjunto de massas musculares e ossos do animal abatido, sem cabeça, órgãos e vísceras torácicas e abdominais. Com 159 artigos, o texto da nova portaria, porém, não especifica as partes que podem ser removidas da carcaça e o procedimento acaba ficando a critério de cada frigorífico, critica o dirigente. “Havendo uma definição precisa do que é toalete e o que pode ser retirado, o produtor, acompanhando o abate, pode verificar se aquilo que está sendo retirado é o que está (previsto) na portaria”, afirma Ebbesen.

Na falta de padronização para a realização da toalete, estima-se que no processo sejam retirados indevidamente, em média, 15 quilos de músculos e gorduras das carcaças bovinas, observa o médico-veterinário e vice-presidente do Sindicato Rural de Santiago, Unistalda e Capão do Cipó, Lauro Sagrilo. Segundo o veterinário, isso gera variações no momento da pesagem dos animais, reduzindo os valores pagos aos pecuaristas. “Pelo preço da carcaça, de R$ 23,50 (o quilo), vai dar R$ 350 por carcaça, então é um valor bem significativo”, calcula Sagrilo.

No dia 17 de março, o setor apresentou ao Mapa uma proposta de mudanças na portaria. O documento é endossado por 37 sindicatos rurais e associações de pecuaristas de todo o país, além do professor José Neuman Miranda Neiva, do curso de zootecnia da Universidade Federal do Tocantins. Para Sagrilo, a nova normativa deve respeitar a “integralidade” do produto animal. “Nossa proposta é dizer exatamente o que deve ser retirado na toalete, à luz das normas já existentes, e também as que não podem ser retiradas”, detalha. 


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