Pecuaristas comemoram a extinção da “taxa do frio”

Pecuaristas comemoram a extinção da “taxa do frio”

Por acordo entre entidades de produtores e da indústria, frigoríficos deixaram de aplicar o desconto de 2% na compra de carcaças bovinas

Patrícia Feiten

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Saudada como uma vitória pelos pecuaristas, a extinção da chamada “taxa do frio” cobrada nos abates de bovinos no Rio Grande do Sul passou a valer no último dia 9. Desde então, os frigoríficos não podem mais aplicar o desconto de 2% na compra de carcaças bovinas, como forma de compensar perdas de peso decorrentes do resfriamento da carne nas plantas. Anunciado em nota pelo Sindicato Rural de Santiago, Unistalda e Capão do Cipó, o fim da cobrança é resultado de um acordo firmado entre as entidades dos dois setores e ocorre após um período de transição iniciado em agosto de 2021.

Com a mudança, a comercialização passa a ser feita com base no rendimento da carcaça quente, como nos outros estados do Brasil, explica o vice-presidente do sindicato, Lauro Sagrilo. No caso de uma carcaça bovina de 250 quilos negociada a R$ 22 o quilo, por exemplo, o fim da cobrança equivaleria a um ganho de R$ 110 para o pecuarista. “O impacto é grande, porque 2% representa muitos milhões de reais que agora vão ficar com o produtor rural”, diz Sagrilo. Para o dirigente, as novas regras garantem uma remuneração justa ao pecuarista e serão um incentivo à produção. “Ele vai poder investir mais em genética, nutrição para os animais e melhoria de pastagens”, prevê.

A taxa do frio foi introduzida na década de 1960 pelas cooperativas que operavam frigoríficos na época. O movimento para eliminá-la começou com o lançamento da campanha “O Desconto do Frio é Ilegal”, na Expointer de 2019. Com a forte adesão dos produtores, os sindicatos rurais decidiram levar o assunto à Justiça, o que estimulou o setor frigorífico, representado pelo Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sicadergs), a buscar um resolução fora dos tribunais com os representantes da Farsul.

O presidente do Sicadergs, Ronei Lauxen, diz que, ao longo do prazo de transição, a entidade orientou as empresas associadas a abandonar a cobrança. “(O acordo) foi negociado por interesse das duas partes, e a gente espera que seja cumprido”, afirma. O sindicato congrega cerca de 50 frigoríficos associados, responsáveis por 70% dos abates realizados no Rio Grande do Sul. 

Lauxen lembra que no setor operam ainda cerca de 300 empresas não vinculadas ao Sicadergs e estas não foram orientadas a seguir a recomendação. “Se o produtor quiser vender a peso quente, ele vai ter de introduzir isso na sua negociação (direta) com o frigorífico para criar essa nova condição comercial”, observa.


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