Pequenos agricultores e pecuaristas esperam por ações concretas

Pequenos agricultores e pecuaristas esperam por ações concretas

Fetag e Fetraf negociam desde a terça-feira auxílio na estiagem, prometido e não cumprido

Patrícia Feiten

Agricultores passaram a madrugada de ontem mobilizados na sede do Mapa

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Após dois dias de mobilizações em Porto Alegre, pequenos agricultores e pecuaristas afetados pela estiagem no Estado aguardam para esta quinta-feira a concretização de medidas de socorro já prometidas pelos governos federal e estadual. Do lado de Brasília, a expectativa da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) é pela publicação de uma medida provisória garantindo a liberação de R$ 1,2 bilhão para rebate de dívidas de custeio e investimento para produtores que não contam com cobertura do Proagro ou seguro agrícola. O auxílio foi anunciado pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no último dia 10, em conferência com entidades do setor durante a Expodireto Cotrijal, mas ainda não saiu.

Liderados pela Fetag e por sindicatos de trabalhadores rurais, cerca de 200 agricultores passaram a noite de terça-feira na sede da Superintendência do Mapa, em Porto Alegre. A mobilização prosseguiu na quarta-feira e, à tarde, dirigentes reuniram-se com a secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Silvana Covatti, porém sem avanços. “Nossa decepção é grande”, comentou o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva.

Para esta quinta-feira, está prevista uma reunião na Casa Civil do Estado, além de outra on-line com representantes do Mapa, do Ministério da Economia e do Tesouro. “Seguiremos mobilizados e retornaremos com as mobilizações na próxima semana caso nada seja anunciado”, afirmou Joel. 

Assim como a Fetag-RS, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-RS) cobra do governo gaúcho uma definição sobre o auxílio emergencial prometido ao setor. A proposta do governo era atender 42 mil famílias, mas os produtores pedem que o benefício, no valor de um salário mínimo, seja ampliado a cerca de 100 mil famílias. Na terça-feira, representantes da federação, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e da União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária, entre outros movimentos sociais, ocuparam o prédio da secretaria para pressionar pela ajuda e também por um crédito emergencial de R$ 10 mil por família, com juro zero. “Se não avançar, vamos voltar a fazer manifestações”, disse o coordenador da Fetraf-RS, Douglas Cenci. 

Para aliviar as dificuldades dos produtores, a Fetraf-RS pede que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) garanta o milho para o Programa de Venda em Balcão (ProVB). Conforme Cenci, a companhia diz ter à disposição 4,2 mil toneladas do grão para venda pelo valor de mercado, acrescido do custo de carregamento e frete com que o agricultor precisa arcar. Os produtores aguardam ainda a aprovação, pelo Congresso Nacional, do PLN1, que garantirá R$ 1,6 bilhão para a retomada das contratações do Plano Safra 2021/2022.


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