Perdas do Sul e MS são bilionárias

Assim como o Rio Grande do Sul estima perdas superiores a R$ 36 bilhões na safra de grãos, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul também fazem as contas do prejuízo causado pela estiagem que, em diversas áreas do Sul e Centro-Oeste, vem se prolongando desde novembro do ano passado.
Com lavouras de 550 mil hectares de milho e 720 mil hectares de soja, Santa Catarina  projeta o impacto financeiro da quebra de safra em R$ 4,2 bilhões. O analista de pesquisas socioeconômicas da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural  (Epagri), Haroldo Tavares Elias, lembra que a expectativa de produção estadual era de 2,5 milhões de toneladas de milho na primeira safra. A falta de chuva, no entanto, já causou redução de 43% desse volume. “Essas perdas são irreversíveis”, comenta. 

O técnico reconhece que este será um ano de desafio para as agroindústrias de aves e suínos catarinenses, as quais, em safras normais, “importam” de outros estados cerca de 4,5 milhões de toneladas do grão para a alimentação dos animais. “Em, 2022 é possível que este volume ultrapasse os 6 milhões de toneladas”, prevê Tavares Elias. O analista aponta uma perda menor na soja, mas que já atinge 29% da projeção de volume, que era de 2,5 milhões de toneladas.

No Paraná, as perdas na soja, conforme dados de quinta-feira passada, divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, atingem 39% da produção. Os perdas do milho primeira safra chegam a 36% e as do feijão a 31%. O impacto financeiro total pode alcançar entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões. No estado, foram plantados 5,6 milhões de hectares de soja, com produtividade projetada em 3.543 quilos por hectare, que, com a estiagem, deve ficar por volta dos 2.274 quilos por hectare. Com a aceleração da colheita da oleaginosa pelos agricultores paranaenses, na última semana foi iniciada a semeadura do milho segunda safra, que deve ocupar 2,6 milhões de hectares de área, com expectativa de produção total de 15,2 milhões de toneladas.

Também há prejuízos no Mato Grosso do Sul, onde o governo do estado emitiu um decreto de emergência para todos os municípios. Levantamento do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga) indica que a perda na safra de soja é de 1 milhão de toneladas. O estado semeou 3,7 milhões de hectares e esperava colher 56 sacos de grãos por hectare, mas a média caiu para 50 sacos por hectare. Mesmo assim, o Siga avalia que 67% das lavouras de soja estão em situação regular ou ruim.