Perdas por estiagem crescem também nas lavouras de soja

Perdas por estiagem crescem também nas lavouras de soja

De acordo com os fiscais agropecuários, os cultivos estão com queda de folhas

Nereida Vergara

Técnicos não detectaram pragas, mas confirmaram o déficit hídrico severo

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A única esperança para a safra de soja 2021/2022 no Rio Grande do Sul está nos 63% de área plantada que ainda estão em estágio vegetativo. Se chover nas próximas semanas, as plantas que germinarem terão chances de se desenvolver e as lavouras poderão produzir “perto” da média estimada pela Emater/RS-Ascar, de 3,2 quilos por hectare. O raciocínio é do diretor técnico da instituição, Alencar Rugeri, que, por outro lado, reconhece uma situação “catastrófica” no restante da lavoura da oleaginosa. “A combinação de falta de água com temperaturas muito altas está causando uma perda muito rápida”, constata Rugeri, ao admitir que nos 7% das lavouras onde já se chegou ao enchimento de grão a perda é consolidada e nos 30% que estão em floração o quadro é crítico.

O diretor técnico da Emater/RS-Ascar diz que não há como prever o futuro da safra de soja, pois as condições climáticas do momento são muito adversas e a cada dia sem chuva se agravam mais. “Os dados fazem parte do Informativo Conjuntural da Emater de quinta-feira (dia 20). Nesta sexta-feira (dia 21), com certeza a situação já é pior”, admite.

Um levantamento de rotina feito pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) na Região de Ijuí não detectou a presença de pragas características da soja e do milho na safra de verão 2021/2022, mas corroborou o quadro severo de estiagem. As lavouras monitoradas nos municípios de Boa Vista do Cadeado, Cruz Alta, Vista Gaúcha e Três Passos não apresentaram sintomas das doenças, mas de perdas acentuadas pela seca.

De acordo com os fiscais agropecuários, os cultivos estão com queda de folhas, dificuldade de emergir, morte das plantas ou condições inviáveis de produzir. Segundo eles, pragas como ferrugem asiática e cigarrinha-do-milho, ou plantas daninhas como o Amaranthus, não encontraram condições de proliferação.

Ricardo Felicetti, diretor do Departamento de Defesa Vegetal da Seapdr, ressalta que os levantamentos fitossanitários são sistemáticos e se destinam à detecção precoce de possíveis infestações. Ele explica que com o monitoramento é possível adotar medidas de controle da disseminação de pragas, evitando danos maiores aos plantios atingidos.


Correio do Povo
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