Portaria federal divide RS em três regiões em novo calendário para a semeadura da soja

Portaria federal divide RS em três regiões em novo calendário para a semeadura da soja

Regionalização contempla prazo de plantio de até 120 dias, atendendo a pedido de entidades do setor


Correio do Povo

Calendário busca reduzir incidência da ferrugem asiática da soja

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A semeadura da soja no Rio Grande do Sul para a safra 2023-2024 terá três calendários para três regiões distintas. Desde julho, quando uma portaria federal reduziu a janela de plantio em 40 dias no Estado, entidades do setor e a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) pediam ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) a alteração do calendário, temendo prejuízos a agricultores que investiram em áreas irrigadas por pivô central para plantio da safra de milho e da safrinha de soja, no sistema de rotação. 

Publicada esta semana, a Portaria SDA/Mapa nº 886 definiu três regiões e prazos para o plantio, que se inicia em 1º de outubro em todo o território gaúcho.  Com a nova definição, a janela de semeadura na região Sul-Sudeste terá 110 dias, até 18 de janeiro de 2024. Na região Norte-Nordeste, serão 120 dias, até 28 de janeiro de 2024. Na região dos Campos de Altitude, o período compreende 100 dias, até 8 de janeiro de 2024. Também foram incluídos no documento os estados do Paraná, Rondônia e Santa Catarina, com prazos diferentes.

O aceite da proposta de regionalização do calendário veio após diversas reuniões técnicas. “É a solução razoável e adequada às regiões definidas e deixa ainda espaço para manifestar eventuais excepcionalidades”, avaliou o diretor executivo da  Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Sérgio Feltraco. 

Segundo o titular da Seapi, Giovani Feltes, a proposta gaúcha pedia uma janela de plantio de até 120 dias, em função dos cultivos anteriores de milho e as especificidades da colheita das culturas de inverno. “O Ministério entendeu a importância de se criar condições favoráveis para o desenvolvimento do milho e da soja nas mesmas áreas, a fim de proporcionar segurança na cadeia da produção, além de fortalecer medidas fitossanitárias e o enfrentamento da ferrugem asiática no Estado”, disse Feltes.

Segundo a Emater-RS/Ascar, até o momento 44% das lavouras de milho foram plantadas, o que agora se tornou impraticável em várias regiões em decorrência da saturação do solo pelo volume de chuvas e das temperaturas mais baixas, condições inadequadas para a semeadura e o desenvolvimento da cultura. Conforme o Informatiuvo Conjuntural da empresa, as lavouras se encontram em fase de emergência e em desenvolvimento vegetativo. Nas regiões com prolongado excesso de umidade no solo, já se observam estresse nas plantas e dificuldades de realização de tratos culturais necessários, como a aplicação de herbicidas, de fertilizantes nitrogenados e de inseticidas.

Para o diretor do Departamento de Defesa Vegetal, Ricardo Felicetti, a alteração do calendário da soja beneficia os produtores rurais e a economia. “Poderia haver uma redução de oferta e agravamento no abastecimento de milho, implicando importações do grão de outros Estados e, por sua vez, impactaria nos custos de produção da cadeia da agropecuária do Rio Grande do Sul, com reflexos na sua competitividade”, afirma, lembrando que o aumento do prazo minimiza esses efeitos na cadeia produtiva.

O calendário de semeadura busca reduzir a incidência da ferrugem asiática da soja e foi instituído como medida fitossanitária complementar ao período de vazio sanitário, que no Rio Grande do Sul vai de 3 de julho a 30 de setembro. 


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