Preço do arroz recupera patamar do final de abril

Preço do arroz recupera patamar do final de abril

Saca de 50 quilos do produto em casca chega a R$ 72,24 em 15 de junho, com variação de 0,78% ao mês, aponta Cepea/Irga-RS

Patrícia Feiten

Conflito entre Rússia e Ucrânia aumentou cotação do grão

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Após um período de revés iniciado em meados de abril, os preços do arroz recuperaram força na última semana no Rio Grande do Sul, graças à boa liquidez mantida pelo cereal no período. De acordo com o Indicador CEPEA/IRGA-RS, o valor médio ponderado da saca de 50 quilos do produto em casca aumentou 0,36% entre os dias 7 e 14 de junho, chegando a R$ 72,22, o maior patamar em termos nominais desde o final de abril. No dia 15, a cotação estava em R$ 72,24, e a variação no mês é de 0,78%. A necessidade de aquisição de volumes para cumprimento de contratos já assumidos e o maior interesse pela exportação se refletiram em compradores mais ativos no mercado nos últimos dias, avaliou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).

Segundo o consultor Evandro Oliveira, da Safras & Mercado, um conjunto de variáveis contribui para a reação dos preços do arroz. Uma delas é o aumento do consumo do cereal no mercado interno, impulsionado pela proximidade do inverno e pela liberação de recursos do Auxílio Brasil e do saque extraordinário do FGTS. “Entre os alimentos da cesta básica, o arroz é o que está com o menor valor. Num prato de arroz, feijão, proteína e salada, (o cereal) chega a estar mais barato que a salada”, destaca Oliveira. A guerra entre Rússia e Ucrânia, grandes produtores mundiais de trigo, elevou as cotações desse item a patamares recordes, o que deixou seus derivados, como farinha, pão e macarrão, mais caros no mercado brasileiro e acabou direcionado a demanda para o arroz, explica o consultor.

Outro fator que vem puxando os preços da arroz para cima são os embarques. Com o ingresso da safra gaúcha de verão e de volumes importados de países do Mercosul, os produtores aproveitam a alta do dólar para exportar parte dos estoques e “enxugar” a oferta. Segundo Oliveira, muitas tradings de commodities vêm estabelecendo negócios com base em um câmbio a partir de R$ 5,15, e a saca de arroz chega ao Porto de Rio Grande cotada a valores de R$ 74 a R$ 75. “É o preço (mínimo) a que o produtor estaria disposto para mandar o arroz para fora. E as regiões que mais estão aproveitando o momento são as próximas à região portuária de Rio Grande, como a Fronteira Oeste, por conta do menor custo de frete”, diz Oliveira.

Em 15 de junho de 2021, por exemplo, a saca de arroz era cotada a R$ 70,89 no Estado, segundo dados do Cepea. Para Oliveira a tendência é que os preços se mantenham no nível de R$ 75, podendo subir a R$ 80 em médio prazo. “A partir de agora, a média tende a ser superior aos patamares do ano passado, com a expectativa de demanda crescente e de melhores exportações”, prevê.


Correio do Povo
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