Preço do frango tem queda, com diminuição de demanda

Preço do frango tem queda, com diminuição de demanda

Movimento é pontual e esperado para esta época do ano, de acordo com ABPA

Camila Pessôa

Trajetória de queda nos preços teve início em 19 de dezembro

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O preço por quilo do frango congelado, nesta quinta-feira em R$ 6,94, vem caindo desde 19 de dezembro, quando estava em R$ 7,82, e desde o início do ano teve uma queda de 8,8%. Os valores seguem a mesma tendência do quilo do frango resfriado, em R$ 7,05 e com queda de 8,2% no mesmo período, de acordo com cotações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. De acordo com o centro, a queda nos preços pode ser justificada por uma diminuição na demanda desde o final do ano passado. Ao mesmo tempo, o preço ainda está acima do observado na mesma data de 2022, de R$ 6,17 para o quilo de frango congelado e R$ 6,09 para o resfriado.

Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, essa queda na demanda é pontual e característica das primeiras semanas de janeiro por conta de sobra de oferta das festas de fim de ano, além de uma população ainda descapitalizada. Por isso, ele enxerga os preços deste ano como positivos, uma vez que estão mais altos que os do ano passado. O presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, atribui a queda na demanda também às renegociações de início de ano e um momento de instabilidade política e econômica no país. 

“A população está bem retraída, ainda descapitalizada, então tudo isso afeta no comercial, mas a gente tem expectativa de que no mês de fevereiro já comece a ter reação”, afirma Santos, ao mencionar o pacote fiscal lançado nesta quinta-feira pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Tomara que isso venha a dar mais condições para a população se capitalizar e a gente começar a estabilizar a economia”, espera. Santin também menciona que, com a chegada dos auxílios pagos pelo governo federal à população de baixa renda, a demanda deve voltar a crescer. “Embora a renda não tenha voltado, temos indicativos de retomada”, afirma. 

Boas perspectivas de exportação

Outro ponto positivo é que as exportações da primeira semana do ano já indicam que o volume de embarques de janeiro vai estar acima da média mensal de 2022, de 401,8 mil toneladas de acordo com Santin. Assim, ele diz que o ano começa com expectativas positivas, reforçada pela continuidade dos fatores que levaram a um aumento de 4% nos embarques de 2022 em relação a 2021. As 4,8 milhões de toneladas de frango exportadas no ano passado são resultado principalmente do conflito entre Ucrânia e Rússia e de problemas com a influenza aviária na Europa, Estados Unidos e mais recentemente na Ásia. De acordo com Santin, a intensificação do inverno no hemisfério norte também é um fator que traz boas perspectivas de exportação.

No Rio Grande do Sul o crescimento foi ainda mais expressivo, de 7%, com o embarque de 755,64 mil toneladas. “E agora o Rio Grande do Sul começa a recuperar fôlego no mercado externo, porque até 2017, 2018, a gente vinha nessa faixa de 745 mil toneladas”, diz Santos. Ele lembra que houve queda nas exportações a partir de 2018, com o embargo da União Europeia. Ele também está esperançoso de que as chuvas previstas para os próximos dias amenizem a situação de estiagem, que já provocou perdas de peso dos frangos e baixa na conversão alimentar por conta do calor excessivo, de acordo com relatos dos produtores, recebidos pela Asgav. “Estamos acompanhando bem de perto para se houver necessidade acionarmos programas de amparo”, diz. Ao mesmo tempo afirma que ainda não há problemas que exijam medidas emergenciais.

Santos também ressalta que é preciso haver avanços na questão tributária para que haja mais competitividade com outros estados da união. “Tivemos índices muito bons (em 2022), tanto em frango quanto em ovos, mas mesmo assim a gente precisa de políticas que nos dêem garantias de uma logística melhor, de condições de armazenagem de grãos e que dêem um subsídio quando tivermos crises de falta de grãos”, ressalta o presidente executivo.


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