Preço do milho caiu 5,4% em um mês

Preço do milho caiu 5,4% em um mês

Análise do Cepea/Esalq/USP indica que compradores estão retraídos e vendedores mais flexíveis

Danton Júnior

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Após ultrapassar a barreira dos R$ 100,00, o que provocou impactos no setor da proteína animal, a cotação da saca de milho recuou 5,43% em outubro e ficou em 86,97 na segunda-feira (1° de novembro). De acordo com o Cepea/Esalq/USP, que faz o levantamento, há retração entre os compradores, o que indica que eles estão abastecidos e atentos ao ritmo das exportações e ao desenvolvimento da safra de verão, enquanto parte dos vendedores mostra-se mais flexível tendo em vista que precisa negociar estoques antes da chegada da nova safra.

“É um sinal de diminuição de custos (para a cadeia da proteína animal), mas muito tímido ainda se comparado com o período em que o milho esteve na casa dos R$ 99,00”, avalia o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos. Ele acredita que a cotação tem margem para recuar mais sem prejudicar os ganhos do produtor de milho. Santos atribui a queda às medidas reivindicadas pelo setor e atendidas pelos governos estadual e federal, como a suspensão temporária da cobrança de PIS/Cofins na importação do grão, que aumentou desde então – principalmente da Argentina e Paraguai – , mesmo com uma taxa de câmbio elevada. Segundo o executivo, a redução do preço do milho já começou a se refletir no preço da carne de frango, que havia registrado alta nos últimos meses. “Amenizando o custo de produção, entramos num processo de equilíbrio”, resume.

O diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (Sips), Rogério Kerber, afirma que a redução do preço do grão não é suficiente para trazer alívio ao setor da carne, uma vez que os preços dos produtos suínos encontram-se “aquém da necessidade de dar remuneração” à atividade. Para Kerber, a oscilação da cotação do milho deve-se principalmente ao fato de o mercado estar “travado” devido à falta de rentabilidade dos segmentos compradores. Além disso, há forte presença da carne bovina no mercado interno, resultante do embargo do mercado chinês. 

Apesar do cenário, Kerber afirma que não se vislumbra aumento no preço da carne suína para este final de ano. Segundo ele, o consumidor está bem suprido, com preços iguais ou semelhantes aos praticados no final do ano passado.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895