Preço dos ovos sobe e custo do milho diminui em junho

Preço dos ovos sobe e custo do milho diminui em junho

Para Asgav, aumento observado no poder de compra não é suficiente para cobrir prejuízos de meses de custos de produção elevados

Camila Pessoa*

De acordo com Cepea, preço aumentou 22,3% em comparação com junho do ano passado

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O ovo branco tipo extra na região de Bastos (SP) custou R$ 145,51 por caixa com 30 dúzias no último mês, o que representa aumento de 22,3% em relação a junho do ano passado e 0,7% se comparado a maio deste ano, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Além disso, o produtor da região conseguiu comprar 101,9 quilos de milho com o valor de uma caixa de ovos, maior quantidade desde julho de 2020, 2,7% maior que a de maio deste ano e 31% maior que a de junho de 2021. A queda nos preços do milho, de 2% de maio para junho, também contribuiu para esse aumento do poder de compra dos avicultores, como informa o Cepea. Ainda de acordo com o centro, esse aumento de preços ocorreu devido a uma oferta controlada e vendas aquecidas em junho.

O preço dos ovos subiu para recuperar o aumento nos custos nos últimos anos, como afirma o presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos. “Mesmo que o preço do milho caia, o setor ainda vai estar recompensando os custos que aumentaram nos últimos 24 meses”, complementa. Para ele, uma queda de 2% nos preços do milho não é o suficiente, em especial para o Rio Grande do Sul, que teve uma perda de entre 50% e 60% na safra do milho devido à estiagem. Essa visão é compartilhada pelo responsável pela granja Nienow, Jairo Nienow. Para ele, a diminuição observada nos preços do milho não é o suficiente para melhorar a situação do setor. “O milho abaixou muito pouco e a margem ainda está apertada em função de outros insumos, como os combustíveis”, comenta.

Sobre a possibilidade de diminuição mais expressiva dos custos, Dos Santos afirma que o setor está trabalhando com cautela. “Ainda sofremos com os impactos da estiagem, com a economia retraída e a população sofre os efeitos da inflação e instabilidade. A única certeza que temos é de que produção acessível para várias classes vai continuar”, garante o presidente. 

Mesmo tendo observado melhora nos preços desde março e maio, Nienow não vê perspectivas de aumento na capacidade de produção ou de que o preço dos ovos baixe este ano. Ao mesmo tempo, ele tem boas expectativas de vendas para julho e agosto. “Quanto mais frio, mais as pessoas consomem. O frio é época boa, mas como a produção diminuiu em função dos custos, os preços estão altos”, comenta. 

Segundo Dos Santos, se os avicultores não tivessem diminuído a produção em respostas aos altos custos, poderiam haver consequências ruins para o setor, como a desistência da atividade. “Temos um pacote de custos: temos combustíveis, embalagens plásticas regradas pelo câmbio, preço do frete e o setor ainda está descapitalizado. É justamente isso que precisamos rever, buscar linhas de crédito, custeio e seguro para o setor não sentir”, declara o presidente da Asgav.

*Sob supervisão de Thaise Teixeira


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895