Preços de fertilizantes subiram 288% em dois anos

Preços de fertilizantes subiram 288% em dois anos

Variação foi superior à valorização atingida pelas três principais commodities agrícolas no mesmo período, diz CNA

Patrícia Feiten

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De janeiro de 2020 a março deste ano, os preços nominais dos principais fertilizantes usados no Brasil tiveram alta de 288%. Essa disparada não foi acompanhada pelas cotações da soja, do milho e do trigo, que avançaram 110% no mesmo período. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (24) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado que discutiu os impactos da dependência brasileira da importação de fertilizantes.

O debate foi sugerido pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), em razão dos efeitos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia no suprimento de fertilizantes. O país euroasiático é o principal fornecedor desses insumos para o Brasil, que, em março de 2022, importou cerca de 700 mil toneladas de fertilizantes russos, segundo o Ministério da Economia. Na audiência, a coordenadora do Núcleo de Inteligência de Mercado da CNA, Natália Fernandes, destacou que, com as mudanças decorrentes da pandemia e da guerra no leste europeu, os preços dos adubos vêm aumentando acima das principais commodities agrícolas, apertando as margens de lucro dos agricultores. “Portanto, estratégias de gestão e controle de custos de produção passam a ser cada vez mais indispensáveis”, disse Natália.

A coordenadora apresentou dados do Projeto Campo Futuro que mostram o peso dos fertilizantes nas despesas da lavoura. No município de Rio Verde (GO), por exemplo, os custos de produção do milho segunda safra tiveram, em abril deste ano, alta de 49% frente ao mesmo período do ano passado. Para Natália, a ampliação da produção brasileira de fertilizantes depende do mapeamento geológico, da prospecção de reservas minerais de potássio e rocha fosfática e da melhor organização do mercado de gás natural, além de elevados investimentos. “Hoje, o mapeamento geológico atinge apenas 26% do território nacional. Isso precisa ser ampliado para que seja identificado onde há potencial de extração”, disse.

Participaram da audência representantes dos ministérios da Agricultura (Mapa), da Economia, das Relações Exteriores (MRE), da Associação Brasileira dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo) e da Petrobras, além de entidades do setor de óleo e gás natural, biocombustíveis, açúcar e álcool e adubos. 


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