Preocupação com clima impulsiona preço da soja

Preocupação com clima impulsiona preço da soja

Alta de cotações se deve à especulação em torno de eventual queda de produção na América do Sul, diz consultor

Patrícia Feiten

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As incertezas geradas pelo clima em regiões produtoras brasileiras e na América Latina como um todo estão trazendo volatilidade ao mercado de soja. As cotações da oleaginosa na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) ganharam fôlego nos últimos dias, influenciadas por preocupações com o excesso de chuvas no sul do Brasil e a baixa umidade no norte do país, que vêm atrapalhando a semeadura do grão, segundo o analista Luiz Fernando Gutierrez, da consultoria Safras&Mercado.

“O plantio brasileiro, de uma forma geral, está atrasado e o mercado está especulando com esse clima irregular, que pode trazer problemas para a produção. O mercado está bastante volátil em Chicago”, afirma Gutierrez, explicando que os contratos futuros para entrega em março negociados na bolsa norte-americana já se aproximam de 14 dólares por bushel.

No Brasil, de acordo com o indicador ESALQ/BM&FBovespa, a saca de soja de 60 quilos estava em R$ 144,40 na segunda-feira, o que reflete um aumento de 0,93% sobre a cotação do dia anterior e de 1,32% no mês. O Segundo Levantamento da Safra de Grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na quinta-feira passada (9), estima que a safra de soja 2023/2024 chegue a 162,4 milhões de toneladas, resultado 5,1% superior à colheita do ciclo anterior. Em razão do clima, porém, o mercado já “precifica” uma possível perda de produção, segundo o analista da Safras&Mercado. Mas a perspectiva de uma boa safra na Argentina, que está começando o plantio da soja, poderá alterar o cenário. “Tem alguns fatores ligados à demanda pela soja norte-americana, mas eles são secundários. O que pesa mesmo agora é a especulação climática sobre a safra da América do Sul”, destaca Gutierrez.

Para o consultor, a tendência é que, com o início da colheita no Brasil, os preços percam força a partir de janeiro ou fevereiro. “Se houver (projeções de quebras) no Brasil e elas forem aumentando nas próximas semanas até a colheita, a gente pode ter um mercado que encontre um suporte. Mas, de uma forma geral, a tendência é de preço um pouco mais pressionado, pela provável recuperação a Argentina, que deve colocar mais soja no mercado e pressionar os prêmios de exportação aqui do Brasil”, avalia Gutierrez.


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