Primavera começa sob efeito do La Niña no Rio Grande do Sul

Primavera começa sob efeito do La Niña no Rio Grande do Sul

Apesar da previsão de chuvas abaixo da média até novembro, meteorologistas descartam grande impacto na safra de verão

Patrícia Feiten

Estação promete condições favoráveis para o cultivo de grãos no Rio Grande do Sul, como o arroz

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A chegada da primavera nesta quinta-feira (22) assinala a largada no plantio das principais culturas de verão no país. Para a Região Sul, a nova estação deverá significar chuvas abaixo da média histórica nos próximos três meses, o que poderá afetar o início da safra de grãos, de acordo com o Prognóstico Climático do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgado na terça pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os acúmulos de chuva registrados desde a segunda quinzena de agosto, porém, têm mantido o armazenamento de água no solo acima de 50% em grande parte da área, o que ajudaria a reduzir o impacto nas fases iniciais dos cultivos, informou a pasta.

A mudança no padrão de precipitação é atribuída à provável continuidade do fenômeno La Niña, responsável pela estiagem que frustrou a safra gaúcha no último verão. Para o Rio Grande do Sul, a primavera indica níveis de chuva inferiores à média em outubro e novembro na maioria das regiões, com chuvas mais regulares e próximas do patamar histórico em dezembro, segundo o meteorologista Flavio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro). “Não são esperados períodos muito prolongados sem chuva, ou seja, no próximo trimestre não deverão ocorrer estiagens intensas e extensas em todo o Estado”, destaca.

Com relação à temperatura, as previsões sugerem valores abaixo da média em outubro, o que pode ocasionar eventos de geadas isoladas. Em novembro e dezembro, detalha Varone, a tendência é de aquecimento gradativo em todas as regiões do Estado, com pequenas ondas de calor. Mesmo com a expectativa de frio relativo no começo da primavera e de chuvas irregulares ao longo da estação, as condições serão favoráveis para o plantio da safra de verão. “Não deverá faltar umidade, e o calor excessivo deverá ocorrer somente no decorrer de dezembro, quando são esperadas chuvas mais regulares e mais expressivas em todas as regiões”, diz o coordenador do Simagro.

A meteorologista Ivonete Tazzo, pesquisadora do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), destaca que chuvas dentro ou abaixo da média para os meses de primavera não necessariamente sinalizam problemas para as culturas. “O período crítico é o reprodutivo, principalmente floração e enchimento de grãos, e esse é um período relativamente curto”, explica. Para reduzir a chance de riscos, Ivonete recomenda que o produtor leve em consideração o zoneamento agrícola e, quando possível, adote medidas como o escalonamento da semeadura e a irrigação no período crítico.

Para a meteorologista Jossana Ceolin Cera, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a perspectiva de chuvas abaixo da média até dezembro traz preocupação aos agricultores no que diz respeito ao estabelecimento das lavouras, tanto a de arroz, quanto a de soja no sistema de rotação. “Quanto à irrigação, momentaneamente não se tem riscos, pois os reservatórios estão cheios. A regional (do Irga) que ainda possui reservatórios com nível mais baixo é a Fronteira Oeste”, afirma Jossana. Esses riscos, segundo a meteorologista, podem se agravar caso as chuvas fiquem abaixo do patamar médio também durante o verão.


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