Principal variedade do arroz preocupa produtores
Como consumidor tem restrições a aspectos visuais do grão, indústria paga menos ao agricultor
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“Quando lançaram (a cultivar), era para ser o ‘xodó’, fizeram festa”, recorda o presidente da União Central dos Rizicultores (UCR), Ademar Kochenborger. “Agora, além de vender a saca a R$ 37,00, estamos perdendo 10%”, completa, referindo-se ao desconto aplicado na região central. Conforme o dirigente, a situação torna-se mais grave porque muitos produtores estão endividados. Em Cachoeira do Sul, município que carrega o título de Capital Nacional do Arroz, uma estimativa preliminar da UCR indica que pelo menos 30 deles vão deixar a atividade neste ano. A UCR, desde 2015, não contribui com a anuidade da Federarroz.
A indústria alega que o desconto deve-se à dificuldade de comercializar a variedade. “Quando se coloca um produto com essa incidência de defeitos, o consumidor não tem simpatia pela compra. O aspecto visual fica prejudicado”, explica o presidente do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul, Elio Coradini Filho. De acordo com ele, a característica passou a aparecer em maior quantidade neste ano, já que até a última safra a presença da variedade não era tão grande nas lavouras gaúchas.
O Irga argumenta que a cultivar tem potencial genético para produzir até 14 mil quilos por hectare, quase o dobro da média do Estado. “Esse material, por ser de alta produtividade, não tem alta qualidade. São parâmetros que a gente não conseguiu atingir ainda”, explica o diretor técnico do instituto, Maurício Fischer. Apesar disso, Fischer diz que a ocorrência de problemas deve-se muito às condições de manejo e recomenda que o plantio seja feito no máximo até 15 de outubro, com adubação, controle de invasoras e irrigação adequados.
“Claro que não se vai retirar todos os defeitos com relação a gessado e barriga branca, mas reduz bastante”, admite, destacando que muitos produtores que fizeram manejo adequado conseguiram classificação tipo 1. Fischer adianta que, nos próximos dois anos, devem chegar ao mercado materiais com melhor qualidade, porém sem os mesmos níveis de produtividade. O Irga alega, ainda, que o centro branco desaparece com o cozimento e não representa prejuízos ao consumidor.