Produção da última safra de tabaco tem queda de 4,7% nos três estados do Sul

Produção da última safra de tabaco tem queda de 4,7% nos três estados do Sul

Diminuição é atribuída ao excesso de chuvas em setembro e outubro de 2019 e à estiagem entre novembro de 2019 e maio de 2020

Otto Tesche

Safra de tabaco passada produziu 633 mil toneladas na região Sul

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A produção da safra de tabaco 2019/2020 fechou em 633.021 toneladas nos três estados do Sul do Brasil. Deste volume, 564.962 toneladas foram da variedade Virgínia, 58.912 do Burley e 9.147 do Comum. O resultado mostra queda de 4,7% na colheita em comparação ao ciclo anterior, que finalizou com 664.355 tonelada. 

A redução na produção da última safra atingiu 4,8% na variedade Virgínia e 9,5% no Burley, com aumento de 7,3% na variedade Comum. A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) divulgou nesta sexta-feira os dados finais do levantamento. O presidente da Afubra, Benício Albano Werner, atribui a queda na produção às dificuldades climáticas, com excesso de chuva nos meses de setembro e outubro do ano passado e estiagem entre novembro e maio, principalmente no Rio Grande do Sul. 

A produtividade apresentou queda apenas no Rio Grande do Sul, na variedade Virgínia, que, na safra 2018/2019, era de 2.244 kg/ha e, na 2019/2020, caiu para 1.895 kg/ha (-15,6%). Também no estado gaúcho, na variedade Burley, houve aumento de 7,2%, passando de 1.971 kg/ha para 2.113 kg/ha. Os produtores catarinenses tiveram incremento de produtividade nas duas variedades: Virgínia, passando de 2.320 kg/ha para 2.456 kg/ha (5,9%), e no Burley, de 2.116 kg/ha para 2.146 kg/há (1,4%). No Paraná, também houve aumento: no Virgínia, de 2.194 kg/ha para 2.336 kg/ha (6,5%), e no Burley, de 2.167 kg/ha para 2.346 kg/há (8,3%).

Com referência ao preço médio praticado na safra 2019/2020, o presidente da Afubra, Benício Werner, destaca que foi um ano ruim para os fumicultores. “O reajuste nas tabelas das empresas fumageiras ficou entre 2 e 4%. Porém, no momento da comercialização, numa média dos três Estados do Sul do Brasil, o preço praticado ficou em R$ 8,86 por quilo, ou seja, um aumento de apenas 0,34% em relação ao preço médio praticado na safra passada (R$ 8,83)”, disse. Conforme Werner, na variedade Virgínia, que responde por 564.962 toneladas, o preço médio ficou em R$ 8,98, um aumento de 0,64%, pois, na safra passada, o preço médio ficou em R$ 8,92 por quilo. "Isso trouxe um prejuízo considerável aos fumicultores."

O ranking dos municípios com maior produção de tabaco, nos três estados do Sul do Brasil, também sofreu mudanças na safra 2019/2020. “Por muitos anos, Venâncio Aires (RS) foi o maior produtor; aí passou para Canguçu (RS). Nesta safra, o maior produtor foi São João do Triunfo (PR), seguido por Canguçu, Itaiópolis (SC), Rio Azul (PR), Canoinhas (SC), Venâncio Aires, São Lourenço do Sul (RS), Ipiranga (PR), Santa Terezinha (SC) e Prudentópolis (PR)”, revelou o presidente da Afubra, ao destacar a excelente produtividade dos fumicultores de São João do Triunfo, que alcançaram 2.347 kg/ha.

Perspectivas

Na nova safra, todas as regiões produtoras de tabaco já foram atingidas pelo granizo. Desde o seu início até esta sexta-feira, o Sistema Mutualista da Afubra já registrou 6.640 lavouras atingidas, contra 2.911 na safra passada, no mesmo período. Os números significam um aumento de 128%. De todas as 14 microrregiões, as mais afetadas são a de Ituporanga (SC), com 1.375 lavouras, a matriz em Santa Cruz do Sul, com 1.089 e Rio do Sul (SC), com 1.043 lavouras atingidas. “No início da safra atual, o número maior de lavouras atingidas deve-se à antecipação do plantio, em algumas regiões, pois o produtor quis escapar da previsão da estiagem a partir de dezembro. Porém, somente no Paraná as lavouras estão na finalização da semeadura, devido à falta de chuvas”, explicou Werner.

Quanto aos prejuízos, o presidente afirma que ainda não é possível estimar valores. “Nossa equipe de campo está atendendo nossos associados, mas já temos relatos de perdas totais, principalmente nessa semana, na microrregião de Ituporanga. Dependendo do estágio de desenvolvimento da planta, ainda há a possibilidade de recuperação e de conseguir uma boa safra. Porém, se já foi aplicado o antibrotante não se permite mais o manejo de formação de broto”, disse Werner. A estimativa de produção para a safra 2020/2021 será realizada no fim do mês.


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