Produção gaúcha de arroz é estimada em 7,1 milhões de toneladas

Produção gaúcha de arroz é estimada em 7,1 milhões de toneladas

Apesar da queda de 7,8% em relação à safra passada, Irga descarta risco de falta de produto no mercado interno

Patrícia Feiten

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A produção gaúcha de arroz no ciclo 2022/2023 será de 7,1 milhões de toneladas, o que aponta uma queda de 7,8% em relação à safra passada, de acordo com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). O recuo é atribuído à diminuição de 12% na área plantada com o cereal no Estado, que totalizou 839.972 hectares, e a impactos da estiagem em regiões orizícolas, mas, de acordo com a autarquia, não representa riscos para o abastecimento interno. Até a semana passada, a colheita já tinha sido concluída em 90% das lavouras.

Segundo a diretora técnica do Irga, Flávia Tomita, a estiagem causou perdas equivalentes a 15.210 hectares cultivados e afetou mais a Metade Oeste, que inclui as regiões orizícolas Central, Campanha e Fronteira Oeste. Das três, a Fronteira Oeste foi a mais castigada, tendo concentrado mais de 85% dos prejuízos. Os efeitos da redução das lavouras – a área plantada no Estado no ciclo atual é a menor dos últimos 27 anos – e da crise hídrica, porém, foram compensados pela alta produtividade obtida em algumas regiões, principalmente no sul do Estado, informou o Irga.

O conselheiro Fernando Osório, integrante da Comissão de Mercado da autarquia, diz que as projeções de colheita indicam um quatro de oferta e demanda “ajustado”. Em termos nacionais, a produção de arroz prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em seu último boletim de safra é de cerca de 10 milhões de toneladas. O consumo interno, explica Osório, deve ficar entre 10 milhões e 10,5 milhões de toneladas. “O que nós vamos produzir será o que consumiremos”, destaca Osório, observando que o estoque de passagem atual, de 1,8 milhão de toneladas, é suficiente para garantir o suprimento interno por três meses.

Tanto o volume de arroz exportado quanto as importações do cereal são estimados pela Conab em 1,3 milhão de toneladas. “Uma vai anular a outra no quadro de suprimento. Então, a oferta está garantida, não há nenhuma possibilidade de desabastecimento do mercado e, caso haja alguma necessidade, temos bastante arroz do Mercosul para importar”, diz Osório. Segundo o conselheiro do Irga, as cotações da saca de 60 quilos atualmente mais favoráveis aos produtores no mercado interno, na comparação com o ciclo passado, e o declínio do dólar tendem a frear um pouco as exportações do cereal. “Já estamos em plena safra com preços por volta dos R$ 90 (a saca). Não acredito que vai subir muito mais, mas vamos manter um preço entre R$ 90 e R$ 100”, avalia.

Para o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, as projeções do Irga permitem ao setor dar continuidade às exportações. “Os produtores vêm intensificando os sistemas de produção, aumentando a rotação com soja e com milho e buscando altas produtividades para poder enfrentar os custos de produção cada vez maiores”, destacou Velho, em nota. No primeiro trimestre deste ano, o Brasil enviou ao mercado externo 370,8 mil toneladas de arroz em casca, 21% a menos que no mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz). A receita dos embarques caiu 6,2%, para R$ 124,3 milhões, na mesma base de comparação.


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