Produtividade do milho fica abaixo da esperada

Produtividade do milho fica abaixo da esperada

Colheita avançou para 55% da área cultivada e mostrou que em diversas regiões do Estado há perdas provocadas pela estiagem

Danton Júnior

Agricultores recebem R$ 80 pela saca, mas temem que custos em alta e menor disponibilidade do grão reduzam ganhos

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Mais da metade da área plantada de milho já foi colhida no Rio Grande do Sul, segundo levantamento da Emater. O índice registrado até o momento é de 55%, próximo ao observado no mesmo período da safra passada (54%). Já a produtividade de algumas regiões preocupa os agricultores.

Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho), Ricardo Meneghetti, a colheita tem andado dentro do previsto, porém o rendimento obtido  fica abaixo do esperado em diversas áreas do Estado.

O problema decorre da estiagem ocorrida no final do ano passado. “Tivemos problemas sérios no florescimento do milho e na polinização. Além disso,  algumas áreas enfrentaram um problema maior de falta de água no enchimento do grão. Isso acabou ocasionando uma quebra”, lamenta Meneghetti. A estimativa do dirigente é de uma perda de cerca de 40%, o que deve levar a uma colheita de 3,5 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul. Apesar disso, ainda não há uma estimativa de produção do milho plantado mais tarde.
Como a lavoura de milho é mais sensível ao estresse hídrico do que a soja, alguns produtores chegaram a remover o cereal para plantar a oleaginosa na mesma área. Entre as regiões mais impactadas pelo clima estão o Noroeste e o Norte do Estado. Segundo Meneghetti, as lavouras em áreas de pivô obtiveram produtividades maiores,  na faixa de 200 sacas, mas nestes casos os custos de produção também foram maiores.

Quanto à remuneração, que hoje está na faixa de R$ 80,00 por saca, Meneghetti pondera que muitos agricultores fizeram fixação de preço quando o valor ainda estava em cerca de R$ 50,00. Para a próxima safra, há a preocupação com um possível aumento nos custos, o que pode reduzir as margens da cultura. Outro fator que pode influenciar na área de milho é o atual patamar de preço da soja, já que os dois cultivos são semeados no verão. “O custo para se fazer um hectare de milho é bem maior do que para se fazer um hectare de soja”, compara Meneghetti, que prevê um impacto grande na economia do Estado provocado pela necessidade de trazer milho de fora para abastecer a cadeia da proteína animal.

Segundo a Emater, a colheita encontra-se bastante adiantada na região de Ijuí, onde chega a 95% da área cultivada, e percebe-se aumento de produtividade em áreas colhidas nesta reta final. O rendimento médio tem sido de 6,9 mil quilos por hectare, com boa qualidade. Porém, nas lavouras em enchimento de grãos e maturação há sintomas de enfezamento das plantas causados por microrganismos patogênicos transmitidos pela cigarrinha Dalbulus maidis.


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