Produtor critica estrutura e morosidade dos primeiros cem dias do governo federal

Produtor critica estrutura e morosidade dos primeiros cem dias do governo federal

Demora em solucionar questões relativas à estiagem no Rio Grande do Sul e à escassez de recursos ao Plano Safra lideram as reclamações

Camila Pessôa

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O governo federal ainda não está estruturado para atender às pautas da agropecuária brasileira, avaliam, de forma unânime, os presidentes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, e do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Sistema Ocergs), Darci Hartmann. Segundo os dirigentes, ao completar os primeiros cem dias, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no que tange ao setor primário, ainda não conseguiu aliar o discurso à prática. 

Exemplo disso, conforme Silva, é o próprio Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que ainda “têm estrutura e cargos indefinidos”. O dirigente também pontua que a pasta não apresenta prioridades claras. “É preciso alinhar melhor as prioridades para a agricultura familiar, não só com um bom Plano Safra, mas com um projeto bem definido de desenvolvimento para o setor”, completa. Para ele, o segmento continua em uma situação semelhante à do governo anterior. “Só tivemos conversas. Queremos que, a partir de agora, realmente, seja construído um olhar diferente para a agricultura familiar, com mais investimentos. Queremos ver, na prática, o que o presidente vem dizendo”, dispara.

Para Hartmann, além da morosidade na estruturação do novo governo, as dificuldades relacionadas à falta de uma maioria governista na Câmara dos Deputados faz com que ainda não haja sinalização relativa a questões consideradas de extrema importância para as cooperativas, como a repactuação de dívidas. “O governo tem que consolidar a sua base, mas está demorando demais. Não temos encaminhamentos das pautas de mitigação dos efeitos da estiagem”, argumenta Hartmann. Por outro lado, ele avalia com positividade o trabalho nas relações internacionais para a abertura de mercados ao agro brasileiro.

Conforme o Ministério da Agricultura, que apresentou ontem o balanço das ações realizadas de janeiro a março, um dos destaques está na abertura de nove novos mercados para produtos como algodão (Egito), bovinos vivos (Argélia); mucosa intestinal, ovos férteis e aves de um dia (Chile); sêmen bubalino (Panamá); gelatina bovina (Malásia); carne suína in natura e bovina (México) e carne de frango (Polinésia Francesa). Outro avanço é o fortalecimento da relação bilateral com a China, maior parceiro comercial do Brasil, com a habilitação de quatro novas plantas frigoríficas brasileiras. 


Correio do Povo
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