Produtores da Campanha pedem proibição ao uso do 2,4-D

Produtores da Campanha pedem proibição ao uso do 2,4-D

Solicitação baseada em estudo da Unipampa foi entregue por lideranças rurais ao secretário da Agricultura, Domingos Lopes

Nereida Vergara

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Representantes de entidades ligadas à produção de uva, olivas, erva-mate e maçã solicitaram à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) a proibição do uso do herbicida 2,4-D no Estado. A reivindicação foi entregue pessoalmente ao secretário da Agricultura, Domingos Velho Lopes, ontem, em Porto Alegre, e manifesta total discordância quanto à aplicação das Instruções Normativas 05/2019 e 06/2019, que disciplinam o uso dos agrotóxicos hormonais.


A solicitação tem como base um documento assinado pela Unipampa, universidade que se solidariza aos produtores na questão. Assinada pelo reitor da instituição, Roberlaine Ribeiro Jorge, e entregue ao secretário, a nota indica que "as aplicações dos agrotóxicos têm ocasionado sérios e irreparáveis danos a diversas outras culturas, principalmente com impactos diretos nos pomares de viticultura, pomicultura e olivicultura, causando abortamento de flores, epinastia (crescimento descontrolado e disfunções morfofisiológicas), perda acentuada e rápida de vigor e, por fim, a morte das plantas".


O presidente da Associação Vinhos da Campanha Gaúcha, Valter Pötter, garante que a deriva do 2,4-D (herbicida usado para controle de plantas daninhas, como na soja) segue fazendo estragos na região, pois é espargido pelo vento quando aplicado de forma inadequada. Segundo ele, na safra de uvas viníferas que seria colhida neste ano, o prejuízo produtivo em razão dos efeitos da deriva do agrotóxico foi de 12% . "Colhemos 1 milhão de quilos a menos de uvas por conta disso, dos 9 milhões de quilos que pretendíamos", comenta. O dirigente contrapõe o argumento da secretaria de que o número de denúncias teria caído. “Os produtores desistiram de denunciar, já que o fazem há 10 anos e nada acontece". Além disso, lembra que os efeitos da deriva são crime ambiental. "Na verdade, o índice devia ser zero, não deveria existir, por isso reivindicamos a proibição", completa.


O secretário Domingos Lopes promete, para a primeira quinzena de agosto, a divulgação de um relatório detalhado sobre a diminuição de denúncias quanto à deriva do 2,4-D e de outros herbicidas homonais. Lopes adianta que o trabalho de análise está sendo finalizado pelas divisões Sanitária Vegetal e de Insumos e Serviços Agropecuários. "Nós temos documentada a redução dos números de ocorrência de deriva com base em dados oficiais, que demonstram a eficácia das instruções", assegura. O secretário antecipa ainda que novas reuniões serão feitas com outros setores para troca de informações a respeito do assunto.

 


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