Produtores de leite fecham ponte internacional em Jaguarão para cobrar ações do governo federal

Produtores de leite fecham ponte internacional em Jaguarão para cobrar ações do governo federal

Protesto é realizado em diferentes Estados e conta ainda com ações de pressão política em Brasília

Correio do Povo

Fetag-RS reúne centenas de pessoas contra importação de lácteos do Mercosul

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Centenas de produtores rurais promovem ato na manhã desta quarta-feira na Ponte Internacional Barão de Mauá, na fronteira entre Jaguarão e Rio Branco, no Uruguai. O grupo é formado por representantes de regionais sindicais da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), responsável pela organização do Dia Nacional em Defesa dos Produtores e da Cadeia Produtiva do Leite, em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultoras e Agricultores Familiares (Contag). O grupo cobra medidas federais para barrar a importação de lácteos do Mercosul, que tem causado estragos na competitividade do produtor brasileiro. 

No extremo Sul do Rio Grande do Sul, os manifestantes fecham a ponte por alguns instantes e a liberam em seguida. Presente ao protesto, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha, da Assembleia Legislativa, Elton Weber criticou a falta de medidas eficazes para recuperar o preço ao produtor e apoiar a cadeia produtiva, à beira de um colapso. “O ministro Paulo Teixeira (do Desenvolvimento Agrário) disse recentemente que o governo federal vai lutar com unhas e dentes pelo agricultor brasileiro, mas que não pode implodir o Mercosul. O que observamos até agora é que entre o Mercosul e o produtor de leite, o governo está escolhendo o Mercosul. Se não temos adoção de cotas, é urgente subsidiar o agricultor como faz a Argentina“, afirmou. Weber cobrou também mobilização do governador Eduardo Leite para articular os demais governadores e lutar pela causa em Brasília. O deputado estadual Zé Nunes também acompanhou o ato em Jaguarão.

A mobilização envolve ainda protestos em outros Estados, como Santa Catarina, Bahia, Espírito Santo, Rondônia e Pernambuco. Além dos protestos de rua, uma comissão de lideranças do setor está em Brasília pressionando o governo federal e o Congresso por apoio. 

Na terça-feira, em audiência pública da Comissão da Indústria, Comércio e Serviços da Câmara Federal, representantes do setor cobraram medidas urgentes e efetivas da União para salvar o mercado ante a invasão de leite estrageiro. “Em 2021, foram 42,8 mil toneladas. No ano passado, 21,1 mil toneladas. E neste ano, até setembro, já são mais de 69 mil toneladas. A grande pergunta que cabe é: qual a nacionalidade das vacas que produziram esse leite? Será que é só da Argentina, do Uruguai, ou de outras partes do mundo? Essa importação vai quebrar primeiro os produtores, depois cooperativas, indústrias e o nosso país”, afirmou o presidente da comissão, deputado federal Heitor Schuch. O parlamentar sugeriu a adoção de limitadores como cotas para importação. 

Medidas propostas

Na audiência, o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), Darlan Palharini, reforçou uma lista de medidas para frear a importação e dar fôlego para a produção interna como mudança na incidência de Pis/Cofins, com aumento do crédito presumido para 100% na compra de insumos, perfazendo R$ 0,1179 de crédito por litro. “Esse valor seria em crédito fiscal do governo, e as indústrias de laticínios injetariam o recurso diretamente na economia por meio do pagamento ao produtor, com efeito multiplicador de R$ 3 para cada R$ 1 aplicado na atividade leiteira”, explicou. 

O Sindilat/RS também sugere incentivo para a exportação com a adoção de Prêmio para Escoamento do Produto (PEP), principalmente de produtos acabados, como leite em pó, queijos, cremes e leite condensado. A entidade também defendeu a oferta de linhas de crédito para produtores e indústrias de laticínios, com prazo de 13 anos, e o estabelecimento de Fundo Nacional de Sanidade do Leite (FNSL) com o recolhimento de percentuais pela indústria; e, para importados, pagamento para o Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite (Fundoleite).


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