Produtos do agro obtêm valorização internacional

Produtos do agro obtêm valorização internacional

Divulgação de dados de julho mostra que a elevação das receitas das exportações brasileiras é maior que a dos embarques do setor

Nereida Vergara

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O superávit da balança comercial do agronegócio brasileiro, calculado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 10,1 bilhões de dólares no mês de julho – diferença entre os valores de 11,2 bilhões de dólares dos embarques e 1,2 bilhão de dólares dos desembarques – pode se manter no segundo semestre, mas não há indicativos de que seja superado. Os dados também mostram alguns casos de queda no volume embarcado com avanço na receita, o que confirma que houve aumento dos preços no mercado internacional.

No levantamento do Ipea, o preço médio dos produtos exportados em julho de 2021 foi 38,6% superior ao do mesmo mês de 2020. Na mesma comparação, o volume embarcado do complexo soja caiu 8,8%, mas, graças a um aumento médio de 28,6% nos seus preços, a receita cresceu 21,6%.
No caso do milho, a alta de 27,6% no preço não evitou queda de 36,4% na receita porque o volume embarcado caiu pela metade. Já a carne de frango ampliou o volume (15,4%), o preço médio (27,6%) e o faturamento em dólares (47,3%).

Outro levantamento, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mostra que as exportações brasileiras de carne suína cresceram 2,2% na mesma comparação, enquanto a receita subiu 21,3%. “O expressivo aumento da receita das exportações sinaliza, entre outros pontos, o repasse das fortes altas dos custos de produção que alcançam o mercado internacional, assim como no mercado doméstico”, resumiu o presidente da ABPA, Ricardo Santin, em recente análise, feita com a divulgação dos dados das exportações do setor em julho.

O professor do curso de Economia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Nilson Costa, afirma que, atrelado à variação dos preços, houve o aumento do consumo de alimentos na pandemia, o que também consolidou a demanda por produtos agropecuários em todos os países.
Para o professor Argemiro Brum, da Unijuí, o que deve ocorrer no segundo semestre é a estabilização dos preços das commodities em um patamar alto. O Brasil tende a reduzir os embarques de milho por causa da quebra da produção no Paraná, onde as lavouras enfrentaram problemas climáticos. Brum aponta ainda como um fator preocupante a volta das restrições da pandemia em algumas regiões da China, em razão da variante Delta do coronavírus. “Embora não se tenha ainda evidências concretas de que isso possa acontecer, a piora no comportamento comprador chinês pode travar os negócios brasileiros”, complementa.

 


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