Programa Duas Safras prevê reflexos no PIB do Rio Grande do Sul

Programa Duas Safras prevê reflexos no PIB do Rio Grande do Sul

Lançada ontem no Palácio Piratini, iniciativa da Farsul e entidades do agro gaúcho pretende ampliar cultivos de inverno no Estado

Nereida Vergara

Governador Ranolfo Vieira Júnior, em pé, participou da cerimônia

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A deficiência histórica na produção de milho, base das rações animais, impediu que, na última década, a pecuária do Rio Grande do Sul crescesse. Para preencher esta lacuna, desde o ano passado a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), em parceria com entidades dos setores de suinocultura e da avicultura e da Embrapa, vem trabalhando no Programa Duas Safras, lançado oficialmente ontem em cerimônia com a presença do governador Ranolfo Vieira Junior, no Palácio Piratini. O programa, frisa o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, pode acrescentar ao Produto Interno Bruto do Estado R$ 31,9 bilhões, quantia maior que todo o PIB gerado pelo Estado da Paraíba, por exemplo.

A principal estratégia do Duas Safras é aumentar a área plantada no Estado com culturas de inverno e fomentar o plantio de milho irrigado na Metade Sul. Hoje, o Rio Grande Sul produz grãos em cerca de 9 milhões de hectares na safra de verão, extensão que no inverno é de pouco mais de 1 milhão de hectares. Com o incremento na produção de culturas de inverno, além do trigo, canola, aveia e outros, Da Luz explica que será possível aumentar a produção de suínos e aves e de gado de corte e leiteiro, com mais alimento disponível. Segundo ele, se já estivesse ampliada a área plantada no inverno de 1 milhão de hectares para 4 milhões de hectares, meta do programa, a bovinocultura de corte e leite teria aumentado seu Valor Bruto de Produção (VBP) em R$ 986 milhões entre 2011 e 2020. A suinocultura, R$1,7 bilhão, e a avicultura R$ 989 milhões.

Entusiasmado, o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, acredita que o Duas Safras é uma chance de praticar a “ousadia”no Rio Grande do Sul. “Ao combatermos a tradicional falta de milho no mercado gaúcho, fortaleceremos a cadeia de produção animal e atuaremos para o maior desenvolvimento de cadeias importantes da economia gaúcha”, destaca. Em maio, a Farsul começa as apresentações do programa ao produtor em suas regionais. Pereira esclarece que do ponto de vista de recursos para fazer a ampliação da safra de inverno ainda pode haver alguma dificuldade neste ano. Porém, ele diz que as ações previstas no programa devem ser realizadas dentro do Plano Safra 2022/2023, que será anunciado em junho.

A ideia de aumentar o número de safras no Estado foi levantada pelo ex-ministro e ex-presidente da Associação Brasileira de Proteína Anima, (ABPA), Francisco Turra. Com a participação de unidades da Embrapa no Estado, Turra invocou estudos que mostram tecnologias de ampliação da produção do trigo e do milho e o aproveitamento desta produção pelas indústrias de aves e suínos.


O economista Antônio da Luz, ao encerrar a apresentação, fez questão de pontuar que o Duas Safras vai beneficiar a agropecuária, mas que é maior que isso. “O lucro para dentro da porteira existirá, mas com reflexo em muitos ramos da indústria e dos serviços. Não é um programa para o agro, é um programa para a economia”, completou.


Correio do Povo
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