Putin garante suprimento de fertilizantes ao Brasil

Putin garante suprimento de fertilizantes ao Brasil

Em telefonema ao presidente Jair Bolsonaro, líder russo assegurou fornecimento ininterrupto dos produtos ao agronegócio brasileiro

Correio do Povo

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assegurou "suprimento ininterrupto" de fertilizantes ao agronegócio brasileiro. A garantia ocorreu durante telefonema ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e foi confirmada por meio de nota, divulgada ontem, pelo Kremlin, sede do governo russo. Segundo o informe, os mandatários trataram sobre o "compromisso mútuo" em "fortalecer a parceria estratégica" entre o Brasil e a Rússia, de forma a expandir a cooperação em setores como de energia e da agricultura. 
A garantia ocorre às vésperas da divulgação do Plano Safra 2022/2023, que será anunciado amanhã, às 17h, pelo ministro da Agricultura, Marcos Montes, e pelo presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. Apesar de a escassez de fertilizantes não mais preocupar o setor, o anúncio definirá o plantio da safra, que ocorrerá sob custos muito maiores que em 2021. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério da Economia, desembarcaram no Brasil, em maio, 1,073 milhão de toneladas de fertilizantes. O volume é 78% superior ao recebido em igual período do ano passado, de 602,617 mil toneladas.


O aumento da oferta já começa a  aparecer, segundo a Mosaic Fertilizantes, uma das maiores produtoras globais de fosfatados e potássio combinados. Conforme o Índice de Poder de Compra de Fertilizantes (IPCF), divulgado mensalmente pela multinacional, a relação entre os  preços dos fertilizantes e das commodities agrícolas registrou melhora em maio. De acordo com dados recentemente divulgados pela empresa, o IPCF de maio chegou a 1,75 ante 1,87 de abril. “Os resultados são favoráveis para a compra dos insumos pelos produtores rurais, apesar de ainda existirem incertezas de abastecimento devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia, sanções aplicadas à Bielorrússia e restrições de fornecimento de fertilizante chinês”, detalha a Mosaic. Em nota, a organização também destaca a influência do câmbio, que subiu 4,12% no período. “O ambiente geopolítico segue incerto, causando preocupação em toda a cadeia, não só nos fertilizantes, mas também nas matérias-primas que compõem os mesmos”, finaliza a publicação. 


Para o economista da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Ruy Silveira Neto, o agricultor gaúcho ainda não vê um alento. “A inflação segue subindo, o diesel está mais caro que a gasolina, a guerra não tem previsão de terminar e o câmbio em alta sugere uma provável recessão norte-americana”, afirma Silveira Neto.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, destaca que, para o produtor familiar, o impacto dessa queda de preços só será sentida no plantio de verão, caso as demais variáveis não anulem a baixa dos adubos. “Os preços ainda não estão em patamares confortáveis, pois chegamos a registrar até 400% de aumento nos fertilizantes. Aguardamos, agora, a divulgação do Plano Safra para podermos nos preparar melhor”, avalia.

 


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