Queda da Selic alivia custo do crédito rural

Queda da Selic alivia custo do crédito rural

Redução deve ser repassada a financiamentos baseados em juros de mercado, mas não impacta linhas subsidiadas do Plano Safra, diz economista

Patrícia Feiten

Logo após a decisão do Copom, alguns dos principais bancos brasileiros anunciaram a redução de juros de linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas.

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Anunciada na quarta-feira (20), a nova redução de meio ponto percentual da taxa Selic sinaliza um mercado de crédito menos pressionado à frente para produtores rurais que buscam financiamentos a juros livres. Também poderá ter um efeito positivo no caso de quem precisa renegociar dívidas pendentes com as instituições financeiras, dependendo da opção feita na tomada do empréstimo, segundo o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz.

Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu o juro básico da economia de 13,25% para 12,75% ao ano – o menor patamar desde maio de 2022 –, dando continuidade ao ciclo de cortes iniciado em agosto. A decisão já era esperada pelo mercado financeiro e, em seu comunicado após a reunião, o Copom indicou que, se confirmado o cenário esperado para a inflação, seus membros deverão adotar cortes “da mesma magnitude” nas suas duas próximas reuniões. “Ou seja, até o final do ano, deveremos ter uma Selic de 11,75%”, projeta Da Luz.

Logo após a decisão do Copom, alguns dos principais bancos brasileiros anunciaram a redução de juros de linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas. No caso da agropecuária, Da Luz lembra que a maior parte dos financiamentos no Brasil é realizada com recursos livres, ou seja, com juros de mercado. “E uma parte importante são operações pós-fixadas, por exemplo, os créditos tomados pelas cooperativas e revendas de insumos. Então, quando cai a Selic, cai imediatamente a taxa de juro”, explica. Nessa modalidade de crédito, a redução da taxa básica facilita a renegociação de débitos com bancos, segundo Da Luz. “Neste ano, em que a tendência da taxa de juros era cair e ela continua em queda, faz todo o sentido tomar crédito com taxas pós-fixadas, porque ali na frente (o produtor) vai pagar mais barato”, destaca.

As linhas de crédito do Plano Safra 2023/2024, que têm juros predefinidos pelo governo federal, no entanto, não serão afetadas pelo corte na Selic. “E o governo já trouxe um Plano Safra com juro alto, mesmo sabendo que a Selic cairia. Então, independentemente da Selic, as pessoas vão continuar pagando caro até junho do ano que vem”, avalia o economista da Farsul, referindo-se ao período de vigência do plano.


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