Queda de preços de insumos anima suinocultores gaúchos

Queda de preços de insumos anima suinocultores gaúchos

Baixa de valores do milho, do farelo e da casquinha de soja supera os vinte pontos percentuais

Poti Silveira Campos

Criadores independentes de suínos terão custos mais baixos em 2024 no Rio Grande do Sul

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Apesar de resultados tímidos nas exportações no primeiro trimestre, suinocultores gaúchos estão animados com a queda nos preços de insumos e preveem bons resultados financeiros para 2024. De acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações de carne suína e derivados no Estado tiveram resultados positivos em janeiro (3,44%) e em fevereiro (6,1%), na comparação com os mesmos períodos de 2023. Em março, no entanto, o percentual foi negativo e atingiu 27,8%. No sentido contrário, os insumos tiveram seus valores reduzidos em mais de vinte pontos percentuais, baixando os custos de produção, ao mesmo tempo em que os preços de venda no mercado interno tiveram uma variação pequena, ainda que negativa.

“Estamos em um ano muito bom na relação entre custos de produção versus preço de venda”, diz o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador, referindo-se aos valores pagos hoje pelo milho, farelo de soja e casquinha de soja, principais ingredientes da alimentação dos animais.

“Estes itens compõem mais de 80% do custo de alimentação dos animais”, diz Folador, sendo a alimentação a maior despesa na criação de suínos. Na comparação entre a primeira semana de abril de 2024 e o mesmo período de 2023, o preço da saca de 60 quilos do milho teve queda de 29% – passou de R$ 78,63 para R$ 56,13, de acordo com dados da Acsurs. No caso, do farelo de soja, a redução atingiu 26%, com o valor da tonelada baixando de R$ 2.535 para R$ 1.876. A casquinha de soja, que custava R$ 1.150 a tonelada, é hoje comercializada por R$ 875, baixa de 24%. Em contrapartida, o preço pago pelo quilo do suíno ao produtor independente teve uma diminuição bem menor, de 7%, passando de R$ 6,83 para R$ 6,40.

“Isto significa uma queda acentuada nos custos de produção, que vem deixando a conta econômica do suinocultor positiva. O produtor está conseguindo pagar todos os custos e fazendo sobrar margem de lucro na atividade, botando em dia alguma pendência de 2022 ou 2023, que foram anos bem difíceis”, comemora Folador.

A previsão de fechar 2024 com saldo positivo é aplicada principalmente (mas não exclusivamente) ao produtor independente, que representa 25% da suinocultura gaúcha. Os independentes assumem todo o custo de produção e preço de venda. Os outros 75% estão sob o sistema de integração com a indústria, no qual a empresa banca despesas como o valor do animal e a alimentação, restando ao produtor a responsabilidade pela criação. De acordo com Folador, os integrados devem ser igualmente beneficiados em 2024 em razão do “patamar elevado” de consumo da carne de suínos no mercado interno. “Os preços que hoje são praticados na carne suína são extremamente atrativos e favoráveis ao consumidor, além da qualidade do produto”, afirma o presidente da Acsurs.

Folador está confiante inclusive com o futuro das exportações, apesar da diminuição de 27,8% no volume embarcado em março. A tendência baixista nos negócios com o exterior ocorre desde 2022, com a decisão da China, o principal mercado, de reduzir a importação da carne suína. “Os números não mentem, mas tenho conversado com a indústria, que manifesta otimismo em relação à retomada das exportações”, diz. Segundo o diretor de mercados da ABPA, Luiz Rua, ainda que China mantenha suas compras sob restrição, outras praças têm sido abertas ou evoluído no volume de importações. Como exemplo de mercados que estão sendo explorados pela suinocultura gaúcha estão o Chile, a República Dominicana e as Filipinas.


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