Redução de plantel é saída para driblar custo de ovos

Redução de plantel é saída para driblar custo de ovos

Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) contabiliza redução de 10% a 15% nos alojamentos de galinhas poedeiras nos últimos dois anos

Camila Pessoa*

Granja Nienow opera oscilando entre 90% e 80% de sua capacidade total

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Diante do aumento nos custos de produção, produtores de ovos do Rio Grande do Sul diminuíram seus alojamentos de poedeiras entre 10% e 15%, como estima a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).  Esses custos estiveram acima dos preços de venda do produto desde julho de 2020, voltando a ficar abaixo desse preço apenas em março deste ano. Em abril, os custos retraíram em 9,3% e o valor da caixa com trinta dúzias do produto estava valendo R$135,58, contra R$122,22 de custos de produção, de acordo com dados do portal Ovosite, que têm como fonte a empresa de assessoria agropecuária JOX e informações de mercado.

Mesmo com o aumento do preço e melhora das vendas, os produtores ainda enfrentam dificuldades para operar sem prejuízos. Um exemplo desse processo é a granja Petry, que vem diminuindo a produção desde abril de 2021 e hoje produz 70% de sua capacidade total. Segundo a gerente administrativa da granja, Liege Petry, “os insumos estão caros e o preço não suporta”. Com capacidade para a produção de cerca de 165 mil ovos por dia, hoje a granja produz em torno de 115 mil. Quando perguntada se a empresa estava operando com prejuízos antes da redução, Liege responde que "prejuízo é apelido, hoje ainda não estamos recebendo o suficiente e se continuar assim vamos ter que diminuir mais, a tendência é ir diminuindo. Não pensamos em parar, mas podemos acabar sendo obrigados a fazer isso por causa das questões econômicas”. 

Outro exemplo é o relatado pelo produtor Jairo Nienow, responsável pela Granja Nienow. Ele conta que o estabelecimento opera oscilando entre 90% e 80% de sua capacidade total desde o início de 2021. Essa diminuição se deu por conta dos altos custos, que causaram prejuízos por 15 meses seguidos. Mesmo com a capacidade de produzir 650 mil ovos por dia, a Granja produz em média 520 mil. Hoje o produtor não opera com prejuízo e atribui isso a uma melhora do mercado e subida do preço do ovo em função dos custos. Porém, afirma que a guerra na Ucrânia, alta do dólar e preços dos insumos ainda são desafios.

A granja Naturovos seguiu esse mesmo caminho, reduzindo os alojamentos de poedeiras em cerca de 20%, “devido ao contínuo e acentuado aumento dos custos de produção”, justifica o gerente comercial da granja, Anderson Herbert. "Chega um momento onde fica difícil repassar todos esses aumentos, por isso optamos em fazer também o ajuste na capacidade produtiva para mitigar os impactos para a empresa”, afirma o gerente. Hoje, a granja produz 2,5 milhões de ovos por dia, mas tem capacidade para o processamento de cerca de 3,1 milhões de ovos.

O presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, lembra que os custos têm estado fora da curva há três anos, o que se acentuou com a disparada dos preços do milho em meados de 2020. Segundo ele, a recente estiagem também agravou a situação. “Então qual a alternativa que nós tivemos nesse momento? Foi adequar a produção para diminuir os prejuízos”, explica, ao citar que os plantéis em todo o brasil diminuíram em cerca de 10%. Segundo ele, isso causa um aumento de preços para cobrir os custos, dando condições para que avicultores continuem produzindo para suprir a população.

Ao mesmo tempo, Santos revela sua esperança de que a situação vai melhorar ao lembrar que o consumo de ovos vem crescendo no Brasil, a nível nacional e regional, com o Rio Grande do Sul acima da média brasileira de consumo. “Sempre há perspectivas de melhora, acreditando que a economia vai se estabilizar”, afirma o presidente-executivo. Ele observa que no país há diminuição das consequências da pandemia e confia na retomada das exportações e em uma situação mais estável após as eleições.

*Sob supervisão de Nereida Vergara


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895